Estamos chegando ao último trimestre do ano e já é possível ter um quadro da conjuntura econômica da Bahia em 2021. No primeiro semestre, o PIB baiano registrou um crescimento de 6,7 % em relação a 2020 e, com a tendência já verificada neste trimestre, o crescimento anual do PIB deve estar em torno de 6%, a depender da recuperação mais efetiva do setor industrial. Não se pode soltar foguetes, afinal, a base de comparação é um ano em que a economia passou boa parte do tempo parada, mas é possível dizer que a base produtiva do estado se mostrou resiliente e respondeu bem à retomada da economia.
Como destaque positivo aparece o agronegócio, cujo PIB registrou no primeiro semestre um crescimento de 6,2% na comparação com mesmo período do ano anterior e já representa 30% da economia baiana. O agronegócio vai encerrar o ano comemorando a maior safra de grãos da história, da ordem de 11 milhões de toneladas, um crescimento de 4,0% na comparação com a safra 2020, registrando um recorde na safra de soja que atingiu em 6,8 milhões de toneladas. O setor industrial, no entanto, ainda não recuperou os patamares pré-covid de produção e registra queda de quase 10% até julho, em relação a 2020. Não poderia ser de outra maneira, afinal a produção de veículos foi a zero por conta do fechamento da Ford e a produção de derivados de petróleo registra queda de 33%.
Na área industrial, os setores que estão se destacando são a mineração e a também a construção civil, que mantém o ritmo de crescimento. As vendas no varejo vêm se recuperando e entre janeiro e julho cresceram 10,0%, sendo o maior crescimento registrado para o período desde 2012, bem superior ao crescimento nacional. Quase todos os ramos do comércio estão registrando crescimento expressivo, com exceção do ramo de hipermercados e supermercados, com queda de quase 20% e isso por conta da inflação. Registre-se aqui o aumento nas vendas de veículos, que cresceram quase 50%.
O setor de Serviços, que responde por 70% do PIB baiano, cresceu 9,5% nos primeiros sete meses do ano, mas esse desempenho tem sido mais efetivo neste trimestre com a liberação mais ampla do funcionamento das atividades econômicas. Isso viabilizou também a retomada gradual da atividade turística que se elevou em 33% nos primeiros sete meses do ano, mas não vamos esquecer que essa comparação é em relação ao quase nada de 2020 e o segmento de turismo ainda necessita crescer muito para chegar ao patamar de fevereiro de 2020. A perspectiva é de crescimento, mas paira no horizonte da economia, o fantasma da inflação e da crise hídrica, com o aumento do preço da energia elétrica, que vem impactando os custos em todos os setores. As informações são da SEI – Superintendência de Estudos Econômicos e Sociais.
JUROS, INFLAÇÃO E CRESCIMENTO
Enquanto escrevo este artigo, o Comitê de Política Monetária deve estar aumentando a taxa Selic em 1% ou 1,25%. O aumento na taxa de juros é fundamental para conter a inflação e o acréscimo vem em linha com a previsão da inflação em setembro, que será de 1% medida pelo IPCA. O Banco Central precisa mover os juros com sintonia fina, de modo a não ter medo de aumentar a taxa, mas também não aumentar demais, para não comprometer o crescimento em 2022. E o aumento de juros tem um delay, o efeito não é imediato, por isso o BC precisa ter cuidado para não usar demais o remédio e matar o doente. O crescimento maior ou menor em 2022 dependerá do nível da taxa de juros e da inflação.
HORÁRIO DE VERÃO
Há 3 meses atrás várias associações ligadas ao turismo, inclusive a Federação do Turismo da Bahia, e a Associação Nacional de Bares e Restaurantes enviaram ofício ao Presidente da República solicitando a adoção do horário de verão obrigatório para todo o país, argumentando que seria um estímulo à atividade no setor. A solicitação foi engavetada. Com a crise hídrica, por menor que seja a economia, o horário de verão ajudaria a reduzir o risco de apagão. Recentemente, pesquisa do Datafolha mostrou que 55% dos brasileiros e quase 60% dos nordestinos são a favor da medida. O trade turístico baiano e o setor de bares e restaurantes reafirmam a importância da retomada do horário de verão.
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