O secretário estadual de Justiça e Direitos Humanos, Carlos Martins, criticou nesta quarta-feira, 22, o modelo do novo programa de transferência de renda, que substituirá o Bolsa Família, e acusou o governo federal de discriminação contra o Nordeste.
“Há uma ação política de substituir o Bolsa Família pelo Auxílio Brasil, o que desestrutura o sistema único de assistência social, que acabou com o assistencialismo e a lógica de as pessoas ficarem mendigando”, afirmou Martins durante entrevista à rádio A tarde.
Para o secretário, o “novo Bolsa Família” implicará na desestruturação do sistema único de assistência social – formado por União, estados e municípios – além de possibilitar maior número de irregularidades na concessão do benefício.
“O novo programa vem da experiência do auxílio emergencial, que estabeleceu o contato direto do beneficiário com a Caixa Econômica Federal. Se isso for aplicado, vai desestruturar o sistema único de assistência social. Nós monitoramos as famílias, inclusive para garantir que os meninos fiquem na escola, garantir a vacinação. Se a gente adotar o modelo direto, isso tudo vai desaparecer. Se com o modelo atual, já existem fraudes, imagine no contato direto com a Caixa”, disse.
Ao acusar o governo federal de discriminação contra o Nordeste, Martins disse não encontrar razões técnicas ou políticas para o tratamento. “Tirar 50 mil pessoas do Bolsa Família do Nordeste e transferir para outros estados, onde há pobreza, mas não como aqui. É claro que lá também tem pobres, mas os pobres de Rio Grande do Sul, Santa Catarina, Paraná têm uma condição diferenciada do Nordeste, principalmente por causa da seca”, comparou.