Um sistema de monitoramento ilegal era controlado pelo ex-secretário de segurança pública Maurício Barbosa na Bahia e teria sido descoberto pela Operação Faroeste, que envolve a cúpula do Judiciário na Bahia, uma intrincada organização criminosa especializada em grilar extensas áreas de terra no oeste da Bahia.
Segundo o site O Antagonista, Barbosa foi denunciado pela subprocuradora-geral Lindôra Araújo, em julho, com mais 15 investigados, entre desembargadores, juízes, advogados e uma promotora. Na denúncia, obtida pelo site, ela acusa o delegado da PF de tentar “impedir e embaraçar” as investigações. A denúncia diz que Barbosa utilizava-se de maneira ilícita, do controle das interceptações telefônicas que detinha através da Superintendência de Inteligência da SSP/BA.
A investigação da PGR afirma que Barbosa teria firmado parceria com o Tribunal de Justiça, na gestão do desembargador Gesivaldo Britto, e montado um “gabinete” especializado em grampear desembargadores. O esquema de grilagem, ainda de acordo com a denúncia, era comandado pelo empresário Adailton Maturino, com a participação dos desembargadores Gesivaldo Britto e Maria do Socorro.
A denúncia diz que, segundo delatores da operação, Barbosa serviu ao grupo “como braço armado e instrumento de coação e coerção”. Ele integrava o núcleo de contrainteligência da Orcrim, assim como sua chefe de gabinete, a delegada Gabriela Macedo; o então superintendente de Inteligência, Rogério Magno de Almeida Medeiros, e a ex-procuradora Ediene Lousado.
Em gravação anexada aos autos, a desembargadora Sandra Inês, que virou delatora, diz que Barbosa “é daquele que faz a ‘grampologia’ todinha. E depois faz chantagem com as pessoas”. Segundo ela, o então secretário de Segurança teria “meio tribunal” grampeado. “Eles são terríveis. Aí eles botam grampo na (inaudível), em todas as pessoas que eles conhecem. Maurício Barbosa tá com meio tribunal (inaudível).”
Além dos grampos, Barbosa é acusado pela PGR de controlar empresas de segurança privada, de forma oculta, e ostentar patrimônio incompatível com seu salário oficial. Na denúncia, Lindôra diz que o ex-secretário “acumulou patrimônio imobiliário na capital baiana e no litoral norte, dois automóveis de luxo, quais sejam a BMW X6 e a BMW 320i, além de seis armas de fogo registradas em seu nome, sendo três delas pistolas Glock112”. As informações são do site O Antagonista.
Durante busca e apreensão realizada na residência de Barbosa, em um condomínio de luxo na Costa do Sauípe, a PF apreendeu também “notas fiscais de bens de alto valor adquiridos em curto espaço de tempo e à vista”.