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CPI OUVE DIRETOR DA PREVENT SENIOR, ACUSADA DE OCULTAR MORTES EM ESTUDO SOBRE CLOROQUINA

Redação - 22/09/2021 06:45

A CPI da Covid ouve nesta quarta-feira (22) Pedro Benedito Batista Júnior, diretor-executivo da empresa de plano de saúde Prevent Senior. O depoimento de Batista Júnior estava previsto para a última quinta-feira (16), mas ele não compareceu. Na semana passada, o diretor-executivo da Prevent Senior obteve no Supremo Tribunal Federal (STF) o direito de não responder a perguntas dos senadores que possam incriminá-lo.

A CPI da Covid investiga se o plano de saúde Prevent Senior ocultou mortes de pacientes em estudo realizado para testar hidroxicloroquina, associada à azitromicina, para o tratamento da Covid-19. A Comissão recebeu um dossiê com uma série de denúncias de irregularidades, elaborado por médicos e ex-médicos da Prevent. O documento informa que a disseminação da cloroquina e outras medicações ineficazes contra a Covid-19 foi resultado de um acordo entre o governo Jair Bolsonaro e a Prevent.

A reportagem da Globonews teve acesso à planilha com os nomes e as informações de saúde de todos os participantes do estudo. Nove deles morreram durante a pesquisa, mas os autores só mencionaram duas mortes. O estudo foi divulgado e enaltecido por Bolsonaro, como exemplo de sucesso do uso da hidroxicloroquina. Ele postou resultados do estudo e não mencionou as mortes de pacientes que tomaram o medicamento. Em pronunciamento durante a Assembleia Geral da Organização das Nações Unidas (ONU) nesta terça-feira (21), Bolsonaro voltou a defender tratamento ineficaz contra o novo coronavírus.

Em nota, a operadora negou e repudiou as denúncias, e disse que está tomando medidas para investigar quem, segundo a empresa, “está tentando desgastar a imagem da Prevent Senior”.

Pressão sobre médicos

A Prevent Senior também é acusada de pressionar médicos a recomendar remédios ineficazes contra a Covid-19. Segundo o Sindicato dos Médicos de São Paulo, o plano teria coagido médicos a declararem que receitaram o chamado “Kit Covid”, com drogas ineficazes, por livre e espontânea vontade. Médicos, que trabalharam na empresa durante a pandemia, afirmam que eram obrigados a prescrever aos pacientes a medicação que não funciona. Os senadores cobrarão de Pedro Benedito Junior explicações sobre essas denúncias.

Assédio

O autor do requerimento de convocação de Pedro Benedito Júnior, o senador Humberto Costa (PT-PE) afirmou que o diretor da Prevent Senior precisa explicar à CPI “as razões que motivaram a distribuição e prescrição do ‘kit covid’, a despeito da ausência de comprovação científica de eficácia”. Costa diz que a CPI tem recebido denúncias de “diversos usuários” de que pacientes da operadora de plano de saúde são “assediados” para utilizarem o kit que, entre outras drogas ineficazes, é composto por cloroquina.

“Essa empresa insiste e assedia os pacientes com essa medicação sem eficácia. Se fazem isso com quem está em casa, imagine quem está internado com Covid-19”, diz trecho de uma mensagem que a CPI recebeu, segundo Humberto Costa. “Minha companheira testou positivo ontem e, ao passar pela consulta, o médico disse que era protocolo da empresa oferecer o kit. Ela recusou. Mais tarde, em casa, recebeu um telefonema de um funcionário insistindo em que ela aceitasse tomar o kit com cloroquina, porque era o único remédio para isso e, se a doença ficasse pior, não tinha o que fazer a não ser entubar”, afirma outro trecho da mensagem citada pelo petista.

A recomendação e a aposta em medicamentos ineficazes por parte, principalmente, de políticos é uma das linhas de investigação da CPI. O relatório elaborado por um grupo de juristas afirma que o presidente Jair Bolsonaro pode ter cometido crime de responsabilidade ao promover aglomerações; incentivar o uso de produtos comprovadamente ineficazes contra a Covid, como cloroquina e ivermectina; ao e criticar o isolamento social.

Foto: divulgação

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