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A CONCENTRAÇÃO DO SETOR DE SAÚDE DA BAHIA – COLUNA DE ARMANDO AVENA NO JORNAL A TARDE

Redação - 09/09/2021 07:09

O setor de saúde na Bahia, que responde por cerca de 7% do PIB baiano, 50% dele gerado no setor privado, está passando por uma verdadeira revolução. Um acelerado processo de fusões e aquisições, com a entrada no mercado de grandes grupos nacionais, está trazendo mudanças na estrutura de controle dos centros de saúde com impacto nas empresas locais, no corpo médico e nos pacientes.

O maior exemplo é a expansão da Rede D’Or que se tornou a maior rede privada de saúde da Bahia ao comprar os Hospitais São Rafael, Cárdio Pulmonar, Aliança, Aeroporto e Santa Emília, em Feira de Santana, e várias clínicas, como Clivale e Cehon e outras. E, além disso, deu início a construção de um hospital da bandeira Star, voltado ao público de alta renda, no mesmo local onde funciona o Hospital Aliança. Por outro lado, o grupo Dasa, a maior rede de saúde integrada do país, comprou o Hospital da Bahia e a clínica oncológica AMO e está se expandindo, o mesmo acontecendo com outras grandes redes, como a Athena Saúde, que comprou o grupo Promédica e o Hospital de Alagoinhas.

Outros players nacionais se expandem no mercado baiano, como a Oncoclínica, o grupo Opty, a HapVida e a rede Mater Day, que constrói um grande hospital em Salvador. Com isso, entre os grandes centros privados, apenas os hospitais Português, Santa Isabel e Santo Amaro estão sob controle de estruturas estaduais. Esse cenário estabelece um novo modelo no setor de saúde local, cujo eixo será dado pela economia de escala, que vai estabelecer novos parâmetros de negociação e impor preços e condições a pacientes, planos de saúde, médicos, fornecedores e empresas locais.

Frente a isso, o presidente do Sindicato dos Laboratórios Clínicos e Patológicos do Estado da Bahia e vice-presidente da Federação Baiana de Saúde (Febase), Paulo Studart, afirma que os agentes econômicos locais não terão condições de competir com as grandes redes, nem de impor preços aos serviços prestados e propõe o fortalecimento das redes de cooperação e controle.  “Médicos, fornecedores, colaboradores e empresas da área de saúde terão de trabalhar em conjunto, reduzindo custos, introduzindo tecnologia e racionalizando o uso dos recursos para assim manter sua posição no mercado”, diz Studart.

É verdade que o mercado baiano de saúde se tornará tecnologicamente mais desenvolvido  e mais competitivo, mas a tendência concentradora é inerente ao processo e o custo da assistência médica poderá se elevar e afetar pacientes e planos de saúde. Nesse sentido, torna-se fundamental que a rede pública mantenha os investimentos não só em ampliação, mas também em qualificação e introdução de tecnologia e que o poder público e os órgãos reguladores estejam atentos. No mais, é bom que a saúde na Bahia esteja se modernizando, mas é preciso também dar graças pela existência do SUS.

                                CUIDADOS COM A BOLSA

Os leitores querem saber mais sobre investimento em Bolsa de Valores. Por enquanto, lembro que para o pequeno investidor que não quer especular, o melhor é aplicar em ações de empresas que pagam dividendos, pois, além da valorização, viabilizam uma renda anual. Lembro também que os famosos IPO e as ofertas públicas de ações, que todo gerente oferece aos correntistas, nem sempre é um bom negócio e depende muito da empresa e da previsão de aplicação dos recursos levantados. Às vezes, o preço da ação chega alto ao mercado e o investidor leva muito tempo para recuperar o investimento. E é bom ver o desempenho da empresa e saber que valorização no passado não garante valorização no futuro.

                              KEYNES E AS EXPECTATIVAS

A polarização política destrói economias. Um exemplo é a Argentina, um país que era desenvolvido em meados do século 20 e, por causa da polarização entre peronistas e anti-peronistas, regrediu aceleradamente para o subdesenvolvimento. O economista John Keynes dizia que as expectativas são a bússola dos empresários na hora de investir e que o elemento principal é a confiança no futuro. Se não houver confiança, os empresários preferem manter a liquidez. Com a criação diária de crises políticas e tendo à frente um ano eleitoral com desdobramentos que ninguém pode prever, a  incerteza se elevou e o Brasil precisa se precaver para não seguir  o mesmo caminho do Peru, da Bolívia e da Argentina.

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