A Ferrovia Oeste-Leste (Fiol) é um dos raros projetos consensuais no país e consegue unir esquerda e direita em prol de uma obra que vai mudar o mapa logístico da Bahia, integrando-a ao corredor nacional de transportes. Tanto é assim que ontem o governador Rui Costa esteve no Porto Sul inaugurando obras e amanhã o presidente Jair Bolsonaro vai ao município de Tanhaçu assinar o contrato de concessão do trecho 1, entre Ilhéus e Caetité. A Bamin – Bahia Mineração, empresa do Cazaquistão, será a concessionária do trecho por 35 anos, com obrigação de investirR$ 1,6 bilhão para concluir o projeto, que já possui 75% das obras físicas finalizadas. A previsão é que a ferrovia esteja pronta em 2025 ou antes e, além do objetivo básico de escoar o minério de ferro, deverá no médio prazo transportar alimentos processados, cimento, combustíveis, soja e farelo, manufaturados, petroquímicos e minerais. Apenas o fato de existir um modal de transporte barato e de fácil utilização vai estimular o crescimento da mineração e do agronegócio ao longo do eixo ferroviário, e uma série de atividades econômicas já começa a ser prospectada. O mapa urbano da Bahia vai sofrer modificações, e cidades como Caetité, Brumado e Jequié vão se tornar polos de oportunidade de negócios, e o eixo Ilhéus e Itabuna ampliará seu papel de metrópole regional. Mas o investimento da Fiol não pode esgotar-se no trecho 1, sendo fundamental que as obras do trecho 2, entre Caetité e Barreiras, que já tem R$ 430 milhões alocados no orçamento de 2021, tenham continuidade através do governo federal ou de nova concessão. E a notícia de que a Vale vai entregar nas próximas semanas trilhos importados da China para essa extensão da Fiol, em contrapartida à renovação de suas concessões, é alvissareira, embora isso não seja justificativa para a mineradora manter semiabandonados grandes trechos da Ferrovia Centro-Atlântica, que atravessa a Bahia de norte a sul e precisa de novos investimentos ou de um novo processo de concessão. Mas este é um outro assunto, por enquanto é bom saber que a Vale começa este mês a construção da Ferrovia de Integração do Centro-Oeste (Fico) e é fundamental para a Bahia que também o trecho 3 da Fiol, ligando Barreiras a Figueirópolis ou Campinorte, seja objeto de concessão e tenha sua construção iniciada imediatamente, para assim ligar a Fiol à ferrovia Norte-Sul e à própria Fico, inserindo a Bahia no mapa logístico nacional. É preciso que o trecho 3 da Fiol fique pronto ao mesmo tempo que a ferrovia do Centro-Oeste, de modo a evitar que a produção ali gerada seja toda escoada no ramal Norte-Sul. Com a Fiol pronta, a Bahia entra no jogo e terá um modal logístico estruturante que moldará seu futuro.
Rumo ao interior
Poucos perceberam, mas já está em curso um processo de descentralização da economia baiana. Em 2006, a região metropolitana de Salvador era responsável por 47,6% do PIB baiano, percentual que se reduziu para 41,9% em 2018, último dado disponível. As regiões de Feira de Santana e de Barreiras aumentaram sua participação no PIB em cerca de 50%, no período, enquanto o baixo sul e a Costa do Descobrimento elevaram em cerca 30% e o sudoeste em 20%. Com a conclusão da Fiol e a criação de oportunidades econômicas, o processo de descentralização econômica vai se acelerar. As informações são do painel de Territórios de Identidade da Superintendência de Estudos Econômicos e Sociais.
A queda no PIB
O Produto Interno Bruto (PIB) do Brasil registrou queda de 0,1% no 2º trimestre de 2021, em relação ao primeiro, o que significa que o país desacelerou, pois, antes havia crescido 1,2% frente ao quarto trimestre de 2020. As explicações são conhecidas: a agropecuária caiu quase 3% por causa da seca e a redução na produção industrial foi por causa da escassez de matéria-prima. É possível que haja retomada do crescimento no 3º trimestre, mas chama atenção a redução de 3,6% nos investimentos, o que mostra que as expectativas do empresariado estão em queda livre. E a estagnação no consumo que já mostra os primeiros sinais da perda de poder aquisitivo da população por causa da inflação.
Foto: divulgação