A divulgação esta semana do ranking das 300 maiores empresas do varejo brasileiro, edição de 2021, com dados referentes a 2020, permite verificar o impacto da pandemia sobre as grandes empresas do varejo brasileiro e avaliar como as empresas baianas estão se posicionando no varejo nacional. O ranking, elaborado pela Sociedade Brasileira de Varejo e Consumo, mostra que a pandemia não foi capaz de impedir a expansão das maiores empresas do setor, especialmente no ramo de supermercados, mas em alguns segmentos como moda, vestuário e calçados houve queda nas vendas.
Em média, o crescimento anual das vendas foi de 6%, mas não vamos esquecer que as dez maiores empresas de varejo responderam por 40% do faturamento total e metade das 300 maiores empresas são supermercados, segmento menos afetado pela pandemia. O ranking traz o Carrefour como a maior empresa de varejo do país, seguida pelo Assaí e o grupo GPA Alimentar (Pão de Açúcar) e duas redes de venda de eletromóveis, Via Varejo e Magazine Luiza. Supermercados, drogarias e farmácias e lojas de departamento são as que mais faturam no varejo brasileiro. O ranking mostra também que a pandemia trouxe uma grande aceleração na digitalização do varejo e 70% das 300 maiores praticam o e-commerce.
Entre as 22 maiores empresas varejistas, três são do Nordeste: a rede de supermercado Cencosud/ G.Barbosa, com sede em Sergipe, o Grupo Mateus de Supermercados, com sede no Maranhão, e as Farmácias Pague Menos, com sede no Ceará. A Bahia tem sete entre as 300 maiores empresas de varejo do país, só perdendo no Nordeste para o Ceará, que sedia nove delas. A maior empresa de varejo da Bahia é a rede Atakarejo, que registrou um volume de vendas de R$ 2,7 bilhões em 2020. A empresa, que ocupava o 64º lugar em 2019, subiu para a 57ª posição e está entre as 30 maiores redes de supermercados do país.
O Atakarejo, que tem 5,6 mil funcionários, tem um faturamento anual por loja de impressionantes R $122 milhões, três vezes mais que o faturamento do G.Barbosa, que emprega quase 50 mil pessoas. Ou seja, cada funcionário do Atakarejo consegue gerar um faturamento 10 vezes maior. Surpreendentemente, a 2ª maior empresa do varejo no Estado é uma rede de farmácias com sede no Sul da Bahia, as Farmácias Indiana, com vendas que atingiram o montante de R$ 1,0 bilhão. A Le Biscuit, com receita de vendas de R$ 820,6 milhões, ocupa o terceiro lugar. O Atakarejo e a rede Indiana registraram incremento de vendas de quase 30% na pandemia, mas a Le Biscuit reduziu suas vendas em 17%. Além dessas, compõem o ranking baiano mais três supermercados: Rede Mix, Hiperideal e a rede Novo Mix, além das lojas Guabim, especializadas em eletromóveis. Vale ressaltar que das sete maiores empresas baianas, quatro tem origem no interior do estado.
Por que a Bahia, sendo a sétima maior economia do país, não registra uma melhor posição no varejo nacional? A resposta está no baixo nível de renda per capita do estado e nas características de sua economia, concentrada na produção de insumos e matérias-primas e tendo as exportações como principal destino. Bem diferente da economia cearense, por exemplo, cujas maiores empresas estão no varejo e na área têxtil. Mas, ainda assim, a economia baiana é a maior do Norte e Nordeste e responde por 28% do PIB nordestino, seguida de Pernambuco, com cerca de 20%, e Ceará com 15%.
A BOLSA E A BAHIA
A Bahia é o maior mercado acionário do Nordeste. O número de investidores baianos na Bolsa de Valores é de quase 130 mil, representando 4% do total no país. O Ceará tem a metade dos investidores e é o segundo mercado da região, mas com uma diferença, o investidor cearense aplica um montante maior de recursos. No primeiro semestre de 2021, o montante investido em Bolsa na Bahia foi R$ 11,5 bilhões, enquanto no Ceará atingiu R$ 12,2 bilhões. A explicação está no mercado empresarial, já que as empresas baianas são mais resistentes a abrir o capital. Das 7 maiores empresas do varejo baiano, por exemplo, apenas a Le Biscuit abriu o capital, todas as demais são empresas de capital fechado.