A Boa Safra – maior produtora de sementes de soja no Brasil – abriu o capital neste ano na Bolsa e atraiu grandes investidores que viram a possibilidade de ampliar a diversificação regional de seu portfólio. A oferta poderia ser só mais uma entre as dezenas de novatas na Bolsa brasileira neste ano. No entanto, tem um diferencial: a Boa Safra é apenas a terceira companhia de Goiás listada na B3. A segunda, a produtora de soja Jalles Machado, havia chegado meses antes. De acordo com o o jornal O Estado de S. Paulo, esses casos refletem uma mudança sutil no perfil da Bolsa brasileira, que começa a ter mais representantes de fora do eixo Rio-São Paulo.
Essas empresas, antes desconhecidas do centro financeiro paulista, sentiam uma barreira na hora de acessar o mercado de capitais. E não é por menos: das quase 500 empresas com ações listadas na B3, cerca de 300 têm sede no estado de São Paulo. O que chama também a atenção é que oito estados brasileiros não têm representantes, um reflexo da estrutural concentração da economia nacional no eixo Rio-SP.
O processo de descoberta das empresas no interior do Brasil ganhou dimensão após um dos IPOs icônicos no ano passado: o do Grupo Mateus, gigante varejista do Maranhão, uma das três empresas do estado presentes na B3. Apesar de muitos estados terem representantes listados é importante, grande parte das empresas do interior do País não tem liquidez na Bolsa – boa parte delas chegou ao mercado há décadas, aproveitando incentivos fiscais para incentivar a abertura de capital.
O pano de fundo atual para a chegada de empresas de outras regiões do País na Bolsa, diz o diretor de relacionamento com clientes da B3, Rogério Santana, é a maior funcionalidade do mercado brasileiro. “Há mais investidores olhando IPOs, gestores querendo ouvir histórias diferentes novas e fundos de investimento captando recursos.”
Foto: Amanda Perobelli/Reuters