A Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Pandemia retoma os trabalhos nesta terça-feira, 2, com o depoimento do reverendo Amilton Gomes de Paula, apontado por representantes da Davati Medical Supply como um “intermediador” entre o governo federal e empresas que ofertavam vacinas.
Fundador da Secretaria Nacional de Assuntos Humanitários (Senah), Gomes de Paula teria negociado a venda da vacina AstraZeneca em nome do governo brasileiro. A Senah é uma organização evangélica fundada em 1999 pelo reverendo, com sede em Águas Claras (DF).
As investigações mostram que o diretor de Imunização do Ministério da Saúde, Lauricio Monteiro Cruz, deu aval para que o reverendo e a entidade presidida por ele negociassem 400 milhões de doses do imunizante com a empresa americana Davati. As conversas foram registradas em troca de emails e reveladas pelo Jornal Nacional.
O nome do reverendo foi citado pela primeira vez na CPI em 1º de julho, durante depoimento do Policial Militar Luiz Paulo Dominguetti, que se apresenta como representante da Davati Medical Supply, empresa que, segundo ele, atuaria como intermediária na compra de vacinas. Ele teria ofertado 400 milhões de doses da AstraZeneca, sem aval da fabricante.
Ricardo Barros
O líder do governo na Câmara, deputado Ricardo Barros, pode ter os sigilos quebrados por causa dO suposto esquema de corrupção na compra da vacina Covaxin. O nome dele teria sido envolvido no caso pelo presidente Jair Bolsonaro, segundo denúncia apresentada pelo deputado Luis Miranda (DEM-DF), que também pode ter os sigilos quebrados.
O requerimento foi apresentado pelo senador Alessandro Vieira (Cidadania-SE). Na justificativa, ele lembra que em 25 de junho, durante depoimento à CPI, o deputado Luis Miranda (DEM-DF) disse que Bolsonaro teria citado o nome de seu líder ao ouvir as denúncias de supostas irregularidades no contrato para compra da vacina Covaxin. Na ocasião, segundo Miranda, o presidente disse: “Isso é coisa do Ricardo Barros”.
O parlamentar já teve sua convocação aprovada no fim de junho, mas a data de seu depoimento ainda não foi marcada.
Braga Netto
Também nesta terça-feira, os senadores votarão a convocação do ministro da Defesa, Walter Braga Netto. No entanto, segundo o jornal O Globo, senadores avaliam como distante a inquirição do general. A avaliação é que “não há dados concretos para convocá-lo”.
“Eu, até hoje, não vejo alguma coisa concreta para convocar o ministro Braga Netto, agora, qualquer senador que é membro da CPI tem o direito de fazer o requerimento que quiser”, disse o presidente da comissão, senador Omar Aziz (PSD-AM).
“Eu, pessoalmente, não investigo pessoas, sempre digo que investigamos fatos. Se tiver um fato concreto e se chegar às pessoas, eu espero que seja responsabilizado por isso”, completou.
A única esperança de conseguir a oitiva com o ministro está no suposto dossiê que o ex-diretor do Ministério da Saúde Roberto Dias teria preparado contendo uma troca de e-mails com a Casa Civil no tempo em que a pasta era comandada pelo atual ministro da Defesa.
Mudanças
Após duas semanas de recesso parlamentar, a CPI da Covid retoma as atividades com uma mudança na composição. Desde a última audiência da comissão, no dia 15 de julho, os senadores receberam mais de 100 remessas de documentos sobre pessoas e empresas investigadas.
Foto: Agência Senado