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CONHEÇA PROJETO NO LITORAL BAIANO QUE BUSCA PREVER O FUTURO DAS ‘CIDADES INTELIGENTES’

Redação - 26/07/2021 13:45 - Atualizado 26/07/2021

Falar de cidades inteligentes hoje em dia está longe de ser papo de ficção científica: o conceito já está entre nós e em desdobramentos diversos, ainda que seja necessário uma certa licença poética aqui e ali. Dá para pensar naquelas cidades planejadas baseadas em modelos de gestão públicos ou privados com o apoio de tecnologias da informação, algo na linha das Zonas Econômicas Especiais da China, ou do Parque Industrial de Stanford, na Califórnia (hoje conhecido como Vale do Silício). Há aquelas erguidas para serem inteligentes no sentido techie da palavra, pólos urbanos onde tecnologia de ponta e redes de dados ditam o rumo. Exemplos funcionais nesse caso ainda são raros e menos ambiciosos, geralmente na linha da coreana K-City, ‘cidade’ teste para carros autônomos e conexão 5G que, apesar do nome, não tem um habitante sequer. De novo, questão de licença poética.

Seja como for, a cidade baiana de Entre Rios, a 143 km de Salvador, pode em breve fazer parte desse apanhado. Através do projeto Cidade Aguaduna, um grupo de investidores e empresas nacionais e internacionais organizados pela Naurigas Emprendimientos, empresa de capital espanhol, planeja fazer do pequeno município, hoje com cerca de 42 mil habitantes, uma plataforma viável e sustentável do que poderia ser uma cidade inteligente verde – à brasileira, mas também nem tanto. O plano é ter um modelo escalável que poderia funcionar em qualquer outro ponto do planeta.

“Pensamos em Aguaduna para inaugurar uma nova geração de cidades inteligentes, capaz de integrar não apenas a base de infraestrutura tecnológica e conectividade, mas também os preceitos de uma cidade sustentável”, resume à GQ Brasil Manuel Matutes, sócio-diretor da Naurigas Emprendimientos.

Na prática, Aguaduna começará a ser erguida em uma a´rea de cerca de mil hectares na região de Massarandupió em 2021 como uma smart city ambiental: a malha urbana de baixa densidade dará suporte a carros elétricos e bikes, combustíveis fósseis estarão fora de cogitação e a produção de alimentos e energia, assim como o processamento de resíduos, deverá ser feita de forma autosustentável. Além disso, o projeto garantirá transparência e otimização em tempo real de bens, serviços e iniciativas.

A região nordeste, em especial Recife e Pernambuco, concentra hoje alguns dos mais importantes pólos tecnológicos nacionais. Somado ao velho adágio do ‘brasileiro é um povo que curte novidades’ (que todo jornalista de tecnologia já está cansado de ouvir), é de se imaginar que o pouso escolhido para a iniciativa faça sentido. Nas palavras de Manuel: “Escolhemos o Brasil para sediar o primeiro projeto desse novo modelo devido à sua vocação para abraçar tendências, avanços e inovações”.

Há também o fator ‘belezas naturais’. Entre Rios faz parte da Mata Atlântica e de uma região turística que inclui destinos como a Praia do Forte, em Mata de São João, e resorts como o complexo Sauípe. É um pulo para chegar a Jandaíra, lar das paisagens usadas para a novela Tieta. A aposta da Naurigas é que sua cidade atraia turistas ou até mesmo nômades digitais. Fausto Franco, secretário de turismo da Bahia, prevê que a Aguaduna “resultará numa cidade que proporcionará condições para que as pessoas, além de veranear e passar férias, possam morar e trabalhar remotamente com qualidade de vida e sem agredir o meio ambiente.”

Como seria viver lá? A grosso modo sua rotina envolveria enormes áreas verdes, carros elétricos silenciosos e zero postos de combustível. Parte do plano envolve um terminal transmodal, com a dupla tarefa de deixar veículos poluentes do lado de fora e oferecer alternativas sustentáveis para quem entrar na cidade – bikes, scooters ou transporte público. O grupo recentemente anunciou parceria com a Siemens que envolve, entre outros elementos logísticos, uma rede de pontos de recarga que será espalhada pela cidade e serviria como espinha dorsal de uma malha pronta para carros elétricos. “Projetos com esta característica acabam por influenciar positivamente a comunidade na qual eles estão inseridos.”

Cidade Aguaduna (Foto: Divulgação)

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