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ASSUMINDO O GOVERNO BOLSONARO, O CENTRÃO ESTARÁ DANDO UM TIRO NO PÉ

Redação - 26/07/2021 08:34

Ao aceitar compor o governo do presidente Jair Bolsonaro, colocando o deputado Ciro Nogueira na Casa Civil,
o Centrão está pode estar dando um tiro no pé.  No pé esquerdo e no pé direito. Afinal apoiar o governo no Congresso eventualmente e ter este ou aquele deputado ocupando o cargo de ministro é uma coisa, assumir o principal cargo e a direção do governo é outra.

No primeiro caso, sendo apenas um nó na corda governamental, será fácil para o partido se desatar e seguir novos caminhos; no segundo caso, tornando-se o nó principal, o partido passa a dividir a responsabilidade e torná-se agente principal, compactuando com a loucura bolsonarista. Ou seja, o Centrão torna-se co-responsável pelo descaso com a vacina, pelos ataques à democrcacia, pela campanha à favor do voto impresso, pelos desmandos na compra de vacinas no Ministério da Saúde, por tudo que coloca o governo Bolsonaro à beira do impeachment.

Esse é o tiro no pé direito e engana-se o partido acreditando que, passado 6 meses ou um pouco mais, ele poderá sair do governo impunimente  para apoiar outros candidatos e seguir seu próprio caminho. Isso será impossível, não só porque o partido estará atolado na política bolsonarista e marcado a ferro pelo bolsonarismo, numa eleição tão polarizada que não permitirá defecões de última hora, mas também porque o presidente Bolsonaro tende a reagir atirando quando um partido, um grupo político ou um político consegue desvencilhar-se de suas garras. Isso ficou bem claro com o DEM que aproximou-se de Bolsonaro e foi triturado, tornando-se um partido dividido e informe.

Se o Centrão pensa que pode entrar no governo pensando em sair daqui a seis meses para ficar livre no tabuleiro eleitoral, não conhece a forma como a tropa bolsonarista se move e como destrói aqueles que se tornam seus adversários. É só ver o caso Moro e o caso ACM Neto para percerber que com Bolsonaro o jogo é bruto.

Mas ao entrar no governo Bolsonaro, o Centrão também está dando um tiro no pé esquerdo. Isso porque com Bolsonaro, o Centrão perde mobilidade política e será muito mais difícil nesse cenário apoiar o governo federal e ao mesmo tempo aliar-se a governo estaduais ligados ao PT, por exemplo, como ocorre na Bahia e em vários estados do Nordeste. Aí o tiro no pé vai gerar maiores sangramentos, não só porque o eleitorado nordestino é majoritariamente anti-bolsonaro, mas também porque o bolsonarismo não admite tamanha flexibilidade e, se seus apoiadores não assumem integralmente suas ideias, o ataque é perverso. Deputados do Cemtrão que ficarem apoiando Bolsonaro lá e Lula aqui enfrentarão a guerrilha bolsonarista nas redes sociais.
Será difícil um deputado dizer que apoia Bolsonaro no governo federal, mas é aliado do partido de Lula no governo estadual. O Centrão ainda não percebeu que está entrando na toca do leão e de lá não vai sair incólume. Ou assume a candidatura de Bolsonaro à reeleição perdendo grande parte de suas bases no Nordeste e reduzindo o tamnaho da sua bancada, ou saí do governo aos pedaços daqui a seis messes, dividido e com cada um para o seu lado. Qualquer que seja a opção, apoiando Bolsonaro, o Centrão vai entrar de muletas no processo eleitoral.

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