O boletim expedido pela Petrobras nesta semana, ilustrado com a tradicional bomba devareta de sucção cavalo-de-pau, dá conta da conclusão da venda de oito campos terrestres do polo Rio Ventura, localizado na Bahia, para a 3R Petroleum Óleo e Gás S.A. Esta empresa atua nos campos terrestres produzindo perto de cinco mil barris por dia de óleo é classificada entre as dez maiores operadoras atuantes no Brasil, depois da Petrobras. Essa alienação se soma à venda dos 14 campos terrestres do Polo Recôncavo à mesma 3R Petroleum, aos nove campos terrestres de exploração e produção denominados Polo Miranga e aos 12 campos do Polo Remanso, vendidos à empresa baiana Petro Recôncavo S.A. e, finalmente, aos quatro campos da Bacia Tucano para a Eagle Exploração de Óleo e Gás Ltda., todos eles localizados no estado da Bahia.
Com a venda desses campos de produção, da Refinaria Landupho Alves (RLAM), do Terminal Marítimo Almirantes Alves Câmara (Temadre), das subestações elétricas, das estações coletoras, compressoras e injetoras, dos gasodutos, oleodutos, parques de estocagem e movimentação e bases administrativas, a Petrobras se despede da Bahia no ano em que o primeiro poço comercial de petróleo do Brasil, o B-14 localizado em Candeias, irá comemorar80 anos de produção ininterrupta de petróleono dia 14 de dezembro.
A saída de petroleira estatal não deve significar o fim da era do petróleo na Bahia, mas sim o início da ocupação desse importante setor econômico por empresas privadas nacionais e estrangeiras. A Bahia que durante muitos anos foi o estado maior produtor de petróleo do Brasil, hoje produz apenas 22 mil barris por dia, diante de um resultado nacional que se aproxima de três milhões, sendo o quinto maior extrator do óleo depois dos estados do Rio de Janeiro, São Paulo, Espírito Santo e Rio Grande do Norte. As empresas que estão se apossando das instalações prometem triplicar a produção, fazendo crescer na mesma proporção os royalties arrecadados para os cofres do estado, dos municípios e dos proprietários de terra.
É do conhecimento geral que o Governo do Estado, através da Secretaria de Desenvolvimento Econômico, está dedicando-se ao assunto e não faltam estudos indicando de que forma se deve atuar para cobrir o papel que outrora era de domínio único da Petrobras, construindo estradas de acesso aos campos e poços de petróleo, ampliando a rede de oleodutos e gasodutos, enfim, construindo uma infraestrutura logística capaz de atender as empresas aqui instaladas e chegantes, criando atrativos para as novas que estão por vir.
O indispensável apoio do governo não deve se desenvolver apenas no campo das construções, mas na definição de políticas para o setor de petróleo e gás envolvendo o Banco Nacional do Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) no apoio financeiro e a Agência Nacional de Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP) na ampliação das pesquisas, inclusão de novas áreas de produção de petróleo e gás natural nos leilões de concessão e na dispensa de maior atenção para simplificação, agilidade e presteza de seus procedimentos burocráticos relativos às concessões, fiscalização e maior presença no estado.
A preferência dada pela Petrobras para as atividades no mar fez com que os campos marítimos passassem, em 2021, a ser responsáveis por cerca de 97% da produção de petróleo e 83% da produção de gás natural, sendo que a produção do pré-sal está avançando a passos largos e já alcança 71,2% da produção total do Brasil. Isso se contrapõe à produção mundial em campos marítimos que é de apenas 30%. Tal escolha tem sido viabilizada pelo atual preço brent do petróleo beirando US$75.00/barril.
A exploração em terra sempre foi mais em conta e por isso mais atrativa. Embora a produção de energia a partir de fontes alternativas esteja crescendo, o petróleo, o gás natural e o gás natural liquefeito ainda vão se manter em posição de destaque por muito tempo, como demonstram os investimentos que estão sendo realizados, a exemplodo recém-construído gasoduto ligando a Rússia à Alemanha. De qualquer maneira, não se pode perder tempo e urge organizar a marcha para o interior, inclusive pressionando a ANP a fazer pesquisas em áreas da Bahia onde se tem conhecimento da existência de hidrocarbonetos, como por exemplo na Bacia do Rio São Francisco e em áreas da Chapada Diamantina.