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O VÍRUS É MUITO MAIS PERIGOSO DO QUE AS VACINAS

Redação - 17/07/2021 11:00 - Atualizado 17/07/2021

Com o número de pessoas vacinadas contra a Covid-19 no mundo passando de 3 bilhões, é natural que se observem efeitos adversos raros que não apareceram nos testes clínicos dos imunizantes. A fase 3 dos testes, em que se calcula a eficácia da vacina, tipicamente envolve alguns milhares de voluntários. A Pfizer contou com 42 mil, a Janssen com aproximadamente 60 mil.

Quando esses milhares viram bilhões, efeitos raros aparecem. É como uma loteria: quanto mais bilhetes vendidos, maior a chance de algum acabar sorteado. Eventos raros são amplamente noticiados; e como essas notícias têm grande visibilidade, há quem esqueça que tais eventos são raríssimos.

Não há remédio ou vacina com risco zero de efeitos colaterais. Isso não quer dizer que todas as pessoas vão apresentar efeitos. Pelo contrário, significa que uma pequena parcela de pessoas que recebeu determinado remédio ou vacina apresentou este ou aquele efeito. Mesmo que a frequência destes eventos seja baixíssima, eles precisam constar na bula.

A trombose associada a vacinas, um evento parecido com a trombocitopenia associada à heparina, fenômeno autoimune já bem documentado, foi o primeiro efeito adverso associado a uma vacina para Covid-19, da empresa AstraZeneca, com alguns casos investigados também para Janssen. Especula-se se a tecnologia de adenovírus poderia estar envolvida. Depois veio a notícia de alguns poucos casos de miocardite em homens jovens, associados às vacinas de mRNA. E, mais recentemente, casos de síndrome de Guillain-Barré após vacina da Janssen.

Relatos de efeitos adversos em vacinas não são novidade nem exclusividade das vacinas de Covid-19. A própria síndrome de Guillain-Barré (GB), doença autoimune normalmente observada após infecções virais, já foi objeto de preocupação de vacinas para influenza. Na epidemia de gripe de 1976, observou-se um aumento dos casos de GB após vacinação. Em epidemias subsequentes, o fenômeno não se repetiu. Na epidemia de 2009, reportou-se aumento de um caso para cada milhão de vacinados, frente taxa de GB na população geral.

Outro fator para se levar em conta é que a própria gripe pode acarretar GB, mas ninguém reporta esses dados rotineiramente, como ocorre em uma campanha de vacinação em massa. Assim, se pesarmos os riscos e benefícios da vacinação de gripe, em relação à GB, concluímos que a vacina diminui a incidência da síndrome, pois diminui a incidência da gripe.

O fato de que o vírus SARS-CoV-2 é milhões de vezes mais perigoso do que qualquer uma das vacinas parece fugir do noticiário. Covid-19 causa dor, sofrimento e mata milhares, todos os dias. Os possíveis efeitos adversos das vacinas que nos protegem desta doença são um risco mínimo face à proteção que trazem. E a maioria desses efeitos é transitória e facilmente resolvida. Será que realmente é melhor arriscar pegar uma doença que pode deixar sequelas e matar, porque existe a remota possibilidade, da ordem de um em um milhão, de sofrer algum efeito adverso?

Foto: divlgação

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