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SÓ 40% DOS SOTEROPOLITANOS SE VACINARAM CONTRA A GRIPE

Redação - 13/07/2021 06:49

Salvador está bem longe do seu objetivo quando o assunto é a vacinação contra a influenza. É que a campanha de imunização, que começou em abril e pretendia vacinar 938 mil soteropolitanos de grupos prioritários, não chegou nem à metade dessa meta, mesmo depois de abrir a vacinação para todos por recomendação do Ministério da Saúde. De acordo com a Secretaria Municipal de Saúde (SMS), ao todo, 378 mil pessoas foram vacinadas – o que dá 40,2% da meta. Antes de abrir para todos, na última segunda-feira (5), só 316 mil soteropolitanos tinham ido aos postos tomar o imunizante.

A baixa procura, no entanto, não acontece por falta de postos de vacinação. Por aqui, dá para se vacinar em 107 pontos de imunização, além do drive-thru do Shopping Barra, disponível de segunda a sexta-feira, das 8h às 16h, exceto feriados, exclusivo para pessoas com doenças crônicas não transmissíveis e outras condições clínicas especiais e idosos com 60 anos ou mais.

O estudante Dener Valverde, 24 anos, que ainda não se vacinou, chegou a ter a oportunidade para ficar protegido contra a influenza. “Minha amiga foi e me chamou, só que acabei não acompanhando ela. Mas eu tomo todo ano e esse não vai ser diferente. É importante, queria as duas: a da gripe e a da covid. Enquanto não tem a da covid, a gente toma logo a da gripe. Esta semana mesmo eu vou no posto pra resolver logo isso”, garante Dener.

Falta de tempo

Muitos dos que não se vacinaram e foram procurados pela reportagem deram a mesma justificativa: falta de tempo. Caso de Lara Silva, 23, comunicadora que está tentando arranjar uma horinha para ir ao posto de saúde. “Não fui ainda porque não tive tempo, mas vou. Tô me organizando pra ir ainda esta semana. Não tem por que não tomar, né?! Vacina gratuita e que me protege contra uma doença que muita gente subestima, mas pode ser perigosa e até matar. Então, se tem vacina, eu tô tomando”, disse ela.

O biomédico Willian Pereira, 23, também não tomou a vacina ainda. Só que no caso dele não foi por falta de tempo. É que Willian fica resfriado toda vez que toma o imunizante, o que não pode acontecer com ele no momento. “Todo ano eu fico resfriado depois de tomar a vacina. Por isso, tô receoso porque acabei de fazer uma operação no nariz e na garganta, áreas que ficam afetadas pelo resfriado. Aí quero dar uns dois meses pra poder tomar”, explicou ele.

Quem não quis saber de deixar para depois foi Lucas Andrade, 23, estudante que já garantiu sua dose na primeira semana com aplicação liberada para todos. “Com a questão do coronavírus e toda preocupação em ficar doente, quis tomar logo a vacina porque minha mãe é asmática e eu tenho um grande medo de passar qualquer coisa pra ela. E gripe não deve ser levada como brincadeira, até porque também mata”, lembra o estudante.

Matheus Todt, infectologista da S.O.S. Vida, destaca que os mais velhos, principalmente, podem se complicar ao contrair o vírus. “Há uma displicência da população quanto à vacinação contra a gripe. A gente tem que lembrar que, apesar da vacina não proteger contra a covid-19, a não imunização te deixa desprotegido contra uma doença que também leva a óbito, principalmente para as pessoas com mais de 60 anos. É uma doença que pode ser fatal”, afirma.

Em todo o estado, segundo a plataforma Painel Influenza 2021 do Ministério da Saúde (MS), dos 5.128.509 baianos que são alvos da campanha, 2.457.902 se vacinaram, fazendo a Bahia ter 47,9% do seu público-alvo protegido, índice que é um pouco acima do registrado na capital. Em porcentagem, o estado é o sétimo em vacinação contra a influenza no Nordeste, à frente apenas de Pernambuco e do Rio Grande do Norte. Já no país, a Bahia ocupa a 15ª colocação em cobertura vacinal. São Paulo lidera a estatística com 70,82% do público-alvo vacinado.

Risco da gripe

Doiane Lemos, subcoordenadora de Doenças Imunopreveníveis da Secretaria Municipal de Saúde (SMS), afirma que é preciso que a procura aumente para poupar o sistema de saúde, já muito exigido na luta contra a pandemia. “Quanto mais pessoas estão vacinadas, mais você consegue proteger tanto quem toma a vacina como quem não está imunizado. Ter cobertura alta é importante especialmente no inverno, quando o vírus da gripe mais circula e evita um alto impacto no serviço de saúde”, diz Doiane.

A subcoordenadora alerta ainda sobre os riscos de estar exposto ao vírus da influenza, que tem  poder de contágio forte por ter transmissão respiratória e pode representar uma ameaça à vida. “A sintomatologia pode ser branda, mas também gerar complicações, fazendo com que a pessoa precise de atendimento médico e até internação em UTI. E a gente não quer chegar no ponto em que o município tem um volume de casos por gripe e covid-19 e não tem aparato para dar conta disso”.

Doiane ressalta também que não tem cabimento a população não estar vacinada em um lugar onde há imunizante gratuito. Na rede privada, o imunizante pode ser encontrado entre R$ 70 e R$ 170. De 91.802 casos de Síndrome Respiratória Aguda Grave hospitalizados na capital, 256 foram classificados como Influenza, segundo dados da SMS.

Foto: divulgação

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