A crise causada pela pandemia afetou milhares de microempreendedores, que se veem sem alternativas para manter ou expandir seus negócios. A escassez de linhas de microcrédito para os pequenos negócios é uma barreira a mais para quem quer empreender. A situação poderia ser bem diferente, já que existem mais de R﹩ 8 bilhões “esquecidos” e que poderiam ser utilizados em linhas de microcrédito para gerar emprego e renda, impactando diretamente na economia e desenvolvimento do país.
Segundo o Banco Central, no ano passado os depósitos compulsórios totalizaram R$ 415,5 bilhões. O Programa Nacional do Microcrédito Produtivo Orientado (PNMPO) prevê que até 2% do total dos depósitos compulsórios seja destinado ao microcrédito. Portanto, há R$ 8,3 bilhões disponíveis para pequenos negócios, mas que são pouco utilizados. Isso porque as principais instituições financeiras privadas não se interessam em oferecer o microcrédito, uma vez que os juros da modalidade são baixos e proporcionam menor rentabilidade.
As mulheres empreendedoras são as mais prejudicadas com a falta de oferta de crédito. Pesquisa realizada pelo banco Goldman Sachs em 37 países e divulgada na semana passada, aponta que 12% das brasileiras donas de pequenos negócios dizem ter encerrado de forma permanente as atividades, número elevado quando comparado à média global, que é de 3%.
Para mudar essa realidade, foi criado o Movimento Expansão. O objetivo é sensibilizar o Banco Central, poderes públicos e instituições financeiras para que disponibilizem aos negócios geridos por mulheres os recursos já previstos, através da regulamentação de um programa nacional único, abrangente e democrático de concessão de microcrédito.
“As mulheres têm cada vez mais tomado a decisão de empreender por opção e não apenas por necessidade, mas encontram mais dificuldades para obter crédito e manter suas empresas abertas a médio e longo prazo. É preciso sensibilizar os tomadores de decisão, a partir da mobilização da sociedade, para democratizar o acesso ao microcrédito oferecendo a oportunidade de transformação e inclusão dessas mulheres na economia”, afirmou Mariane Carneiro da Cunha, CEO e fundadora da AH!SIM, primeira construtech especializada em reformas com tecnologia do Brasil e idealizadora do Movimento.
Movimento Expansão
O Movimento Expansão foi criado para impulsionar a oferta de linhas de microcrédito para as mulheres. Fazem parte do movimento a fundadora da AH!SIM, startup especializada em reformas de imóveis Mariane Carneiro da Cunha, a vice-presidente do grupo Mulheres do Brasil e idealizadora do Fundo Dona de Mim, Sônia Hess; a idealizadora do Fundo Saphira de investimento para mulheres, Denise Damiani; a fundadora do Banco Pérola, Alessandra França; a diretora da Quintessa, aceleradora de negócios de impacto social, Anna de Souza Aranha; a CEO do Preta Hub, Adriana Barbosa; a cofundadora do projeto Somos Todas Marias, Ana Maria Drummond; a coordenadora de Advocacy, Acesso a Capital e Diversidade e Inclusão na Endeavor, Karina Almeida; e o especialista em microcrédito, Jerônimo Ramos.