A composição da chapa governista que irá disputar o governo da Bahia é hoje o maior dilema do Partido dos Trabalhadores, do governador Rui Costa e do senador Jaques Wagner e estabelece enigmas difíceis de decifrar pelos líderes políticos da Bahia. O PT tem uma boa posição política na Bahia e tem no governador Rui Costa o principal puxador de votos no Estado, com uma eleição para o Senado Federal garantida e, com uma gestão muito bem avaliada, aparecendo como principal avalista da candidatura do partido ao governo do estado.
O dilema está na impossibilidade de lançar uma chapa puro-sangue, que teria o ex-governador Jaques Wagner, que já se lançou candidato à governador, e o governador Rui Costa como candidato ao Senado já que essa composição implodiria a aliança com os dois principais partidos de apoio ao governo: o PP e o PSD, fundamentais para viabilizar a eleição para o governo da Bahia.
Para resolver o impasse, o PT propõe que Rui Costa vá para o sacrifício e permaneça no governo até o final, na expectativa de que o ex-presidente Lula vença a eleição presidencial para assim viabilizar seu aproveitamento no governo federal. Outra solução para o dilema seria ceder a cabeça da chapa para o senador Otto Alencar ou o vice-governador João Leão, já que Jaques Wagner tem mais quatro anos de mandato e não seria sacrificado, mas essa solução não parece sequer estar na mesa de negociações do PT.
O dilema de Rui Costa vai na mesma direção. O governador sabe que neste momento tem uma das administrações mais bem avaliadas do país, sabe pelas pesquisas que sua eleição para o Senado estaria praticamente garantida e, no entanto, o partido lhe oferece apenas uma possibilidade de ocupar um cargo desde que o ex-presidente Lula seja eleito presidente.
O dilema é grande, afinal, eleito para o Senado, Rui teria oito anos de mandato, consolidaria sua carreira política e a posição de um dos líderes da política baiana. Ao passo que, mantendo-se no governo, teria pela frente a insegurança total, já que a eleição de Lula em uma disputa que se vislumbra dificílima é apenas uma hipótese, como é pura hipótese o seu aproveitamento como ministro. Isso frente a oito anos na posição de senador pela Bahia estabelece um grande dilema.
O dilema do ex-governador Jaques Wagner é de outra ordem, mas não menos importante. Wagner tem mais quatro anos de mandato no Senado e poderá voltar a ele caso não seja eleito, mas terá pela frente uma eleição dificílima, cujo adversário, ACM Neto, aparece nas pesquisas com o dobro de intenções de voto. Além disso, nas pesquisas qualitativas o nome de Wagner é o mais identificado com chamada “fadiga de material” do PT, após dezesseis anos de governo.
Como se não bastasse, Wagner deixaria a posição de senador e de articulador da eleição de Lula para enfrentar uma disputa em que, inevitavelmente, se tornaria vidraça para todos os outros candidatos jogarem pedras e traria para a berlinda não apenas sua administração mas também acusações sem base e nunca provadas, mas que fatalmente retornam em um páreo que se anuncia violento.
A favor de Wagner está o fato de que ele terá o apoio fortissímo do ex-presidente Lula e a dificuldade para optar por Otto ou Leão em uma eventual cessão da cabeça de chapa, mas os dilemas estão postos. (EP – 12/07/20121)