O Ministério do Desenvolvimento Regional (MDR) está apoiando a implementação de um polo da Rota do Mel no estado da Bahia. As oficinas para a fixação da unidade, que vai atender criadores de abelhas de cerca de 50 municípios das regiões de Bom Jesus da Lapa e Irecê, foram realizadas nesta semana com a presença de técnicos do MDR. A ação está sendo desenvolvida por meio de uma parceria com a Companhia de Desenvolvimento dos Vales do São Francisco e do Paranaíba (Codevasf).
“Acredito que a implantação da Rota é de fundamental importância. Ela contribuiria, sem dúvida nenhuma, para a geração de emprego e renda e para a diminuição das desigualdades regionais e sociais”, destaca o assessor especial do MDR Aldo Dantas. “Para se ter uma ideia, nós esperamos que, das quase 700 toneladas produzidas artesanalmente na região, seja possível duplicá-las para cerca de 1,4 mil toneladas”, completa.
Nesta semana, foram sendo realizadas oficinas técnicas para a formatação do polo na região do Médio São Francisco. O MDR e a Codevasf se reuniram com associações e produtores para elaborar uma carteira de projetos e necessidades futuras para a ampliação da produção local.
“Neste primeiro momento, vamos dar apoio técnico para os produtores. Vamos conhecer mais a fundo o que eles fazem e quais suas necessidades para que o polo da Rota do Mel possa alavancar a produção aqui na região. Posteriormente, poderemos ter investimentos diretos para dar mais força à apicultura local”, explicou o coordenador nacional da Rota do Mel, Samuel Castro.
O estado da Bahia é um dos maiores produtores de mel do Brasil, sendo a sétima unidade da Federação que mais produziu em 2019, de acordo com dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
Segundo a gerente de Desenvolvimento Territorial da Codevasf, Kênia Marcelino, a implementação da Rota do Mel vai contribuir para o crescimento econômico da região. “O intuito é o de fomentar essa atividade produtiva, gerar o aumento da renda para esses apicultores e contribuir para o desenvolvimento econômico desta região. A Rota vai apoiar os produtores, conhecendo a produção, identificando quais são as associações e cooperativas que esses apicultores estão vinculados e otimizar cada um desses processos”, destacou.
A implementação de políticas públicas de apoio ao desenvolvimento da apicultura na região do Médio São Francisco é um dos fatores que colaborou para a implementação do polo naquela localidade. No fim do ano passado, a Codevasf – instituição vinculada ao MDR – entregou mil kits para a produção de mel para famílias de 19 cidades. Desse total, 150 foram repassados para integrantes da Cooperativa Regional dos Apicultores do Médio São Francisco (Coopamesf), em Ibotirama.
Presidente da Coopamesf, Rafael Sodré acredita que a Rota do Mel vai propiciar maior rentabilidade para os produtores da região. “A cooperativa, desde o início, colocou como sua principal missão evoluir o produtor. Agora, estamos dando mais um passo para a evolução da apicultura em nossa região. A Rota do Mel vai fazer toda a diferença, porque, antes de todas as políticas públicas, o produtor produzia sem saber o que fazer com seu produto. E vamos ter essa orientação para produzir mais e melhor e ter mais rendimentos”, afirmou.
Outro ponto de destaque na formatação do polo na Bahia é que serão firmados termos de cooperação com o Instituto Federal da Bahia (IFBA) e o Instituto Federal Baiano (IF Baiano) para a o desenvolvimento de ações de capacitação dos apicultores.
Rota do Mel
A Rota do Mel integra as Rotas de Integração Nacional, iniciativa prioritária no âmbito da Política Nacional de Desenvolvimento Regional (PNDR) que tem como objetivo estruturar e potencializar uma rede de arranjos produtivos locais (APLs) capazes de acelerar o crescimento econômico e social das diversas regiões do País.
Atualmente, há sete polos da Rota do Mel instalados no Ceará, Espírito Santo, Minas Gerais, Pará, Piauí, Rio Grande do Norte e Rio Grande do Sul. O mais recente deles é o do sudeste do Pará, nas cidades de Canaã dos Carajás, Eldorados dos Carajás, Parauapebas e Curionópolis ().
O Brasil ocupa a 11ª posição no ranking mundial da produção de mel. Em 2019, segundo dados da Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura (FAO), foram quase 46 mil toneladas produzidas, grande parte voltada à exportação.
Estima-se que o início da atividade apícola no Brasil foi em 1839. O padre Antônio Carneiro trouxe para o Rio de Janeiro colônias de abelhas da espécie Apis melifera, vindas do Porto, em Portugal. Outras raças da mesma espécie também foram trazidas posteriormente por imigrantes europeus, principalmente para as regiões Sul e Sudeste do País.