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SURFISTAS CURTEM INVERNO COM ONDAS GRANDES EM SALVADOR

Redação - 30/06/2021 09:00

Se para alguns os vinte e poucos graus do inverno soteropolitano são sinônimo de meia, moletom e cobertor, para outros a chegada da estação significa vento terral que oferece ondas com boa formação para a prática do surfe. E este ano, em especial, o swell bateu certo, com ondas de até cinco metros no litoral baiano, mais precisamente no Banco de Santo Antônio, onde alguns surfistas garantem ter feito história no último domingo.

“Foram as maiores ondas já surfadas na história na Bahia. Se no litoral as ondas chegam a dois ou três metros, lá é o dobro, e pode chegar até seis. E como o pico é lá fora e envolve toda uma logística de jet ski, nunca tinham sido surfadas ondas desse tamanho”, afirma Lapo Coutinho, baiano que é surfista profissional e nos últimos anos tem se dedicado às ondas grandes.

O Banco de Santo Antônio é situado em alto-mar e fica entre o Clube Espanhol e o Cristo, na Barra. “É uma bancada de mar raso que se estende até Ondina”, conta Maurício Abubakir. “Lá quebram ondas incríveis, mas é muito raro, porque precisa ter todas as condições encaixadas de mar, vento, clima, ondulação, de tudo, para não dar errado”, explica o surfista e shaper soteropolitano.

Há cerca de 20 anos, Maurício foi um dos primeiros a surfar no pico. “Eu ia de paddleboard, aquela prancha de remada, e ficava pegando as pontas do swell. Pegava ajoelhado, deitado”, conta o surfista de 61 anos, que no último domingo voltou ao pico para uma experiência ainda mais radical. Junto com um grupo de amigos que reunia nomes como o já citado Lapo Coutinho, Armando Daltro, ex-integrante da elite mundial e campeão do WQS (World Qualifying Series), e Heloy Júnior, surfista profissional de ondas grandes e campeão baiano da categoria, Maurício preparou uma operação que contou ainda com barco, lancha e jet ski para encarar as ondas de até cinco metros.

“A gente sempre acompanha o swell com uma previsão de cinco dias antes, para já se programar. Já tínhamos tentado outras vezes e não tinha dado certo, mas agora deu tudo certo”, conta Maurício. Na água, o grupo se dividiu entre quem optou pelo tow-in, modalidade em que o surfista é puxado pelo jet ski, e quem preferiu se aventurar na remada. “É uma família só. Tem uns que gostam de fazer na remada, e outros que preferem no reboque. O reboque tem um facilitador, já que o jet ski te coloca na onda. Na remada é preciso ter mais força física. Mas ambos requerem experiência e aprendizado”, explica o shaper soteropolitano, que surfou na remada.

Enquanto isso, Lapo Coutinho esteve entre os nomes que usaram o recurso do jet ski para entrar nas ondas. “Você fica mais maleável, consegue fugir ou ir atrás das ondas, e também entrar com mais velocidade, o que te permite pegar ondas ainda maiores”, conta o surfista baiano, que treinou a técnica durante os anos em que morou no Havaí. Quem registrou tudo foi o fotógrafo João Geraldo, mais conhecido como JSurf. Ele fez parte da ‘operação’ no último domingo e falou um pouco sobre a experiência dos registros no pico que fica em alto-mar.

“Gera uma dificuldade a mais porque é um local que não dá para ficar dentro da água fotografando. Você tem que ter um ponto de apoio. No caso foi o jet ski, balançando, com a câmera pesada na mão, tendo que colocar a caixa dentro do olho, acertar o foco. Tudo isso com ondas grandes e muita adrenalina. Mas valeu a pena porque foi um dia histórico para quem estava lá”, contou o fotógrafo. Lapo Coutinho, Armando Daltro, Heloy Júnior, Luciano Dubiba, Maurício Abubakir, Eloy Lorenzo, Gustavo Kombi, Jeferson Goes, Afrânio Júnior e Pedro Lomanto foram os surfistas da sessão histórica.

Foto: divulgação

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