Quando as tropas comandadas pelo general Labatut venceram a batalha de Pirajá e entraram vitoriosas em Salvador, em 1823, talvez não imaginassem que 198 anos depois esses eventos ajudariam 162 baianos a chegarem à final de uma Olimpíada Nacional em História do Brasil (ONHB). A próxima, e última etapa, da disputa será realizada em agosto, e os meninos e meninas contaram que estão ansiosos.
A Olimpíada está na 13ª edição e por conta do bicentenário da Independência do Brasil, que será comemorado em 2022, resolveu trabalhar essa temática em algumas das tarefas aplicadas aos candidatos. A disputa teve seis etapas, sendo que a última, considerada uma semifinal pelos estudantes, pediu que eles trabalhassem a independência no contexto de suas cidades e estados. Um prato cheio para os baianos.
A equipe de Matheus Cunha, 17 anos, escolheu abordar o Dois de Julho sob a perspectiva dos grupos populares e destacou a figura da heroína Maria Quitéria. Os estudantes montaram uma exposição virtual e ficaram entre os 54 grupos finalistas que vão representar o estado na última fase da Olimpíada.
“Embora eu soubesse o quanto era importante a participação popular no Dois de Julho, pesquisando descobri que no centenário houve um incômodo com isso e que trocaram a imagem do Caboclo pela do Senhor do Bonfim, na tentativa de tirar o caráter social que o caboclo representa e para tentar fazer uma coisa mais formal, como é no Sete de Setembro”, disse.
Matheus está no 3º ano do ensino médio, no Colégio Antônio Vieira, e participa da competição desde 2018. Essa foi a primeira vez que chegou à final. A ONHB é promovida pelo Departamento de História da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp/SP), com a participação de docentes, mestrandos e doutorandos de diversas universidades.
Neste ano, 27,9 mil estudantes se inscreveram para participar da Olimpíada. No total, 415 grupos de 99 cidades brasileiras estão disputando 20 medalhas de ouro, 30 de prata e 40 de bronze. Cada equipe tem sempre três integrantes e a final será no dia 16 de agosto, quando eles terão que responder a uma questão dissertativa, em até 2h. O resultado será divulgado em 12 de setembro.
O Colégio Antônio Vieira tem seis equipes na final. O professor de História e orientador da ONHB da escola, Thiago Palma, contou que nos anos anteriores a final era presencialmente, na Unicamp, mas que esse ano será virtual. Em 2018, o colégio ficou entre os finalistas e, em 2020, conseguiu uma medalha de bronze.
“Para o estudante existe a ideia de competição, porque ele quer ganhar a medalha, mas o principal objetivo da olimpíada é ajudar no processo de formação desses alunos. Ela não fica restrita a história, consegue se apoiar em outras áreas como literatura, geografia, arte, entre outras, oferecendo uma formação mais ampla”, disse.
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