O deputado Luís Miranda (DEM-DF) afirmou que levou pessoalmente ao presidente Jair Bolsonaro “provas contundentes” de irregularidades nas negociações para a compra da vacina Covaxin. “O presidente sabia que tinha crime naquilo”, disse o deputado.
Segundo a CNN, Miranda é irmão de um servidor do Ministério da Saúde que, segundo ele, teve conhecimento dos problemas. De acordo com o parlamentar, após o encontro, Bolsonaro ficou “convencido” e se comprometeu a acionar “imediatamente” a Polícia Federal.
“Entreguei a Bolsonaro. O caso não é só de pressão. É gravíssimo: tem desvio de conduta, invoice irregular, pedido de pagamento antecipado que o contrato não previa, quantidades diferentes”, disse Miranda.
Miranda afirmou que decidiu ir ao presidente porque seu irmão, Luis Ricardo Fernandes Miranda, estava sofrendo retaliação por resistir a anuir com as tratativas. Ele já havia sido exonerado de um cargo de confiança e, segundo o deputado, só retomou o posto após o próprio parlamentar procurar diretamente o então ministro Eduardo Pazuello.
Suspeitas de irregularidades
Conforme informações de Valdo Cruz, do blog do G1, a cúpula da CPI da Covid decidiu fechar o cerco sobre a compra da vacina Covaxin por avaliar que há indícios de irregularidades no fechamento do contrato com o laboratório indiano Bharat Biotech – intermediado pela empresa brasileira de medicamentos Precisa. Na avaliação do relator da comissão, senador Renan Calheiros (MDB-AL), o dono da Precisa, Francisco Maximiano, atuou como um “laranja e atravessador” nas negociações com a Bharat Biotech para a compra das doses.
“Documentos que chegaram à comissão mostram isso, que ele atuou como um atravessador, um laranja, nas negociações. O contrato é fechado com a Precisa, mas o pagamento, segundo o Maximiano disse ao laboratório da Índia, seria feito diretamente pelo Ministério da Saúde para eles”, afirmou Calheiros. A cúpula da CPI da Covid já listou uma série de suspeitas e padrões atípicos na compra da Covaxin. A lista inclui comportamentos que foram adotados nessa negociação, mas criticados na avaliação de outras vacinas.
Foto: Sérgio Lima/Poder360