sexta, 10 de maio de 2024
Euro 5.5449 Dólar 5.1424

EMPREENDEDORAS PROMOVEM AUTOCUIDADO FEMININO EM ITAPUÃ

Redação - 11/06/2021 07:26

Segundo dados do relatório “Pobreza Menstrual no Brasil: desigualdade e violações de direitos”, do Unicef (Fundo das Nações Unidas para a Infância), lançado no fim de maio, menstruação ainda é um tabu no país onde cerca de 713 mil meninas vivem sem acesso a banheiro ou chuveiro em seu domicílio e mais de quatro milhões não têm acesso a itens mínimos de cuidados menstruais nas escolas.

De olho na importância de se falar sobre o tema e dos cuidados íntimos da mulher de forma aberta e respeitosa, três empreendedoras de Itapuã criaram o projeto Akuaba – Resgatando Práticas e Memórias Antigas, voltado exclusivamente para mulheres do bairro. Os primeiros encontros coordenados pelas criadoras Júlia Morais, 25, Alana Santana, 32, e Laura Daltro, 27, ocorreram online, entre os dias 24 e 25 de abril, e reuniram 60 mulheres.

Para Júlia, criadora da empresa Flor de Maio, doula, terapeuta em ginecologia natural e cineasta, a iniciativa foi uma forma de fortalecer a comunidade onde nasceu e foi criada. “Itapuã é um cenário muito identitário, sentia falta de falar sobre isso para a minha comunidade”. Segundo ela, o projeto não tem a função de ensinar, mas sim de resgatar experiências que muitas vezes se perdem entre as gerações. Além disso, se conecta com Itapuã, que carrega em sua história gerações de benzedeiras, ganhadeiras e conhecimentos populares.

As reuniões proporcionaram trocas de saberes ancestrais entre mulheres de diferentes gerações sobre temas como ciclo menstrual, chás, beberagens, garrafadas e óleos utilizados nos cuidados femininos. “O objetivo das oficinas é resgatar memórias, trazer os conhecimentos mais atuais e integrá-los aos conhecimentos antigos”, afirma Júlia. Ela ressalta o exemplo dado sobre formas de lidar com cólicas, sobre o feitio das garrafadas medicinais e os cuidados com o corpo através da saboaria natural.

O nome Akuaba se refere às bonecas ou estátuas da fertilidade do povo Ashanti, que viveu em um período pré-colonial onde hoje é Gana, país da África Ocidental. A palavra está ligada ao mito de Akua, mulher que era infértil e conseguiu engravidar ao receber uma boneca de madeira de um dos sacerdotes de seu povo. Laura Daltro, doula, aromaterapeuta e terapeuta em ginecologia natural, afirma que a primeira oficina virtual foi um espaço também para sanar dúvidas sobre a saúde íntima e menstrual. Além disso, 30 das participantes receberam um kit com absorventes ecológicos, óleos, hidratantes e sabonetes para o autocuidado. “Elas acessaram o conteúdo de forma mais profunda, abrindo um leque de possibilidades para descobrirem e destrincharem seus ciclos menstruais”, diz Laura.

Foto: divulgação

Copyright © 2023 Bahia Economica - Todos os direitos reservados.