A Pesquisa de Endividamento e Inadimplência do Consumido (PEIC), da Fecomércio-BA, mostra o crescimento da taxa de endividados em Salvador de 59,1% em abril para os 60,5% em maio. É a primeira elevação após uma sequência de seis meses de quedas.
Atualmente, são 562,3 mil famílias que estão com algum tipo de dívida, 13,2 mil a mais do que em abril.
Para o consultor econômico da Fecomércio-BA, Guilherme Dietze, o nível de inadimplentes (aqueles que não conseguiram pagar a dívida até a data do vencimento) permaneceu estável nos 23,2%, com 216 mil famílias nessa situação -16 mil a mais do que o mesmo período do ano passado.
“A princípio é um bom sinal, pois o aumento do endividamento com a manutenção da inadimplência é sempre um bom caminho. No entanto, seria importante voltar aos níveis registrados no pré-pandemia, oscilando próximo aos 15%”, pontua Dietze.
O consultor informa ainda sobre os outros sinais positivos, como “a queda do percentual de famílias que já dizem que não conseguirão pagar a dívida em atraso, de 8,2% para 7,8%, menor patamar desde abril do ano passado. E do percentual da renda comprometida com a dívida, de 33,5%, voltando ao patamar considerado o mais adequado para conseguir arcar com as dívidas e, ao mesmo tempo, manter o nível de consumo e contas do domicílio”.
Sobre o perfil da dívida, o primeiro lugar sempre está o cartão de crédito, com 91% dos endividados. Na segunda posição vem os carnês que deu um salto de 7,4% para 10,1% entre abril e maio.
“As famílias que não conseguem comprar com o cartão por algum motivo, como ultrapassar o limite, recorrem aos carnês, pois tem mais facilidade, pois é uma modalidade negociada com a rede varejista”, explica o economista.
A situação é mais delicada para as famílias com renda mais baixa, até 10 salários mínimos. O endividamento para essa faixa é de 63,2%, enquanto para as que ganham acima desse valor, o percentual é praticamente a metade, 31,8%.
“Naturalmente, quem tem mais recursos acaba comprando com dinheiro ou transferência, conseguindo algum desconto do pagamento à vista”, esclarece Dietze.
No lado dos inadimplentes, a taxa tem uma diferença próxima a cinco vezes, de 25,6% contra 5,3%, entre os que ganham menos e os que recebem acima dos 10 salários mínimos.
“Não surpreende, pois é sabido que as famílias de renda mais baixa têm menor poder de proteção, como investimentos e poupança, contra crises econômicas, como a atual do coronavírus. São eles que mais precisam de acesso a crédito para manter o nível de consumo”, expõe o consultor econômico.
Segundo Dietze, “pelo menos, em meio a pandemia, os bancos têm feito alguns processos de renegociação de dívida que têm ajudado o consumidor a acertar as contas. É o tradicional ganha-ganha, o consumidor alinha a sua possibilidade de pagamento e o banco reduz o risco de não receber”.