O PIB brasileiro cresceu 1,2% no 1º trimestre de 2021 em relação ao trimestre anterior e 1% em relação ao mesmo período do ano passado. O resultado mostra a resiliência da economia brasileira, que, desde o baque do 2º trimestre de 2020, quando caiu quase 10%, cresce há três trimestres consecutivos. Mas o PIB é uma média, ou seja, nem todos os setores crescem necessariamente. O agronegócio, por exemplo, teve um crescimento de 5,7%, porque o mundo está em um novo superciclo de commodities, o que é ótimo para o Brasil, que é grande produtor. A indústria cresceu apenas 0,7% no 1º trimestre, puxada pela construção civil e pela demanda das exportações, mas a indústria de transformação caiu. Já o setor de Serviços, que despencou quase 5% no ano passado e representa 70% do PIB, cresceu apenas 0,4% no trimestre.
Note-se que mesmo assim, frente ao aumento de casos de Covid-19 e as medidas restritivas, o crescimento foi expressivo, mas não atingiu todos os segmentos. Atividade turística, bares e restaurantes, pequenos serviços, salões de beleza e outros registraram queda superior a 7%, pois são os setores mais afetados pelas medidas restritivas. É por isso que o crescimento do PIB, embora tenha aumentado a contratação de mão de obra com carteira assinada, não conseguiu reduzir o estoque de 14 milhões de desempregados. De todo modo, embora não atingindo todos os setores, e tendo uma influência significativa da reposição de estoques nas empresas, o crescimento do PIB mostra a pujança da economia brasileira.
Quando se analisa o PIB pelo lado da demanda, vemos que o consumo das famílias caiu apenas 0,1%, quando se esperava uma queda maior, pois não houve auxílio emergencial no 1º trimestre. O consumo das famílias ainda é 2% menor do que no mesmo período do ano passado, mas deve melhorar com o uso da poupança circunstancial da classe média e a volta do auxílio emergencial. Por fim, um dado que indica crescimento futuro: apesar da pandemia e das incertezas, o investimento – que já havia crescido 11,6% no 3º trimestre de 2020 e 20% no quarto trimestre – cresceu mais 4,6% no 1º trimestre de 2021, elevando a taxa de investimento para quase 20% do PIB, contra 16% no mesmo período de 2020.
É verdade que parte disso vem da distorção na contabilidade com as plataformas de petróleo, mas, ainda assim, o crescimento do investimento demonstra que o setor produtivo está vivo e forte. Há sinais positivos na economia e um superciclo de commodities que vai impulsionar o PIB, assim, se houver o controle da inflação e o avanço na vacinação, para que não haja novas paralisações da economia, o PIB pode crescer mais de 5% em 2021.
PIB: o desempenho da Bahia
O PIB baiano vai crescer menos. Segundo o economista Gustavo Pessoti, do Corecon, o PIB da Bahia será negativo no 1º trimestre, pois a queda da produção física na indústria de transformação foi de 19%, a safra agrícola teve crescimento de apenas 0,5% e o setor serviços não compensará a queda. Já Armando Castro Neto, diretor de estatísticas da SEI, órgão que calcula o PIB, acredita em crescimento em relação ao trimestre anterior, estabelecendo tendência de alta, mas registra queda em relação a 2020. Segundo ele, os setores de energia eólica, comércio e agropecuária cresceram no 1º trimestre, mas a saída da Ford puxou a indústria para baixo e o setor de serviços caiu em relação a 2020.
O mercado está se concentrando
A compra do Hospital da Bahia pela rede Dasa, maior rede integrada de saúde do país, por R$ 850 milhões praticamente selou o domínio do mercado privado baiano pelas grandes redes nacionais de saúde. Os gigantes do setor, a exemplo de Rede D’Or, Dasa, Oncoclínica, Athena e outros, já estão na Bahia e junto com as operadoras de planos de saúde devem dominar o mercado. Naturalmente essa expansão está limitada pela existência da rede controlada por instituições beneficentes, como o Hospital Português e o Santa Izabel, mas nada impede que acordos sejam feitos em determinadas especialidades. O problema é que essas redes são integradas e podem limitar o espaço dos empresários locais.