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CPI: ‘PLEITEEI AUTONOMIA, NÃO ANARQUIA’, DIZ LUANA ARAÚJO

Redação - 02/06/2021 12:15 - Atualizado 02/06/2021

A médica infectologista Luana Araújo iniciou sua fala à CPI da Covid afirmando ser “intolerável” o cenário de mais de 460 mil mortes provocadas pela pandemia do novo coronavírus no Brasil. Convidada pelo ministro da Saúde, Marcelo Queiroga, para ocupar o cargo de Secretária Extraordinária de Enfrentamento à Covid-19 do Ministério da Saúde, Luana deixou a equipe de Queiroga dez dias depois, antes mesmo de sua nomeação se confirmar.

Em declaração inicial aos senadores, ela relatou ter afirmado a Queiroga que só aceitaria o convite se lhe fossem garantidas a autonomia necessária e respeitadas a cientificidade e tecnicidade. “Pleiteei autonomia, não insubordinação ou anarquia Precisaria ter autonomia necessária para agir, no que fui prontamente respondida pelo ministro de forma afirmativa e concreta”, afirmou ela.

Perguntada pelo relator da CPI, Renan Calheiros, se o fato de o presidente Jair Bolsonaro ter defendido em inúmeras ocasiões o uso de remédios como a cloroquina – que não tem comprovação científica para casos de Covid-19 – pode ter estimulado as pessoas a abandonarem medidas não farmacológicas contra a doença, a médica evitou fazer uma crítica direta ao chefe do Executivo.

“Quando qualquer pessoa, independente do cargo, ou da posição social, quando defende algo que não tem comprovação cientifica, expõe pessoas do seu grupo a uma situação de extrema vulnerabilidade (…) Todo mundo que diz isso tem responsabilidade sobre o que acontece depois”, disse ela.

A médica afirmou ainda haver uma série de estudos que mostram aumento da mortalidade com uso de cloroquina e hidroxicloroquina.  “Quando transforma isso em uma decisão pessoal é uma coisa. Quando é transformado em política publica, é outra coisa.”

Ela disse também que não teve informações sobre aconselhamento paralelo e não encontrou ninguém que pudesse analisar que fizesse parte de um gabinete paralelo para orientar Bolsonaro durante o breve período em que esteve no Ministério da Saúde. “Eu não encontrei o presidente da República, não o conheci”, disse Luana. “Eu fiquei praticamente isolada neste período e o contato que eu tive era com o ministro e com os assessores do ministro. Então, não tenho experiência para falar sobre isso”.

Além disso, ao ser questionada se seus posicionamentos públicos contrários ao chamado “tratamento precoce” para a Covid-19 – referido pela especialista como “neocuranderismo” nas redes sociais – teria causado as divergências que impediram sua efetivação, Luana disse que não recebeu uma justificativa oficial. “Não foi me dada nenhuma justificativa para minha saída”, afirmou a médica, que disse ainda que a pergunta sobre a causa de sua saída do governo deveria ser direcionada, especificamente, para o ministro Queiroga. (Com informações do Estadão e CNN Brasil)

 

Foto: Reprodução/ TV Senado

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