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INTENÇÃO DE CONSUMO DAS FAMÍLIAS DE SALVADOR ATINGE O MENOR PATAMAR DESDE NOVEMBRO, APONTA FECOMÉRCIO-BA

Redação - 25/05/2021 11:00 - Atualizado 25/05/2021

O índice de Intenção de Consumo das Famílias (ICF), elaborado mensalmente pela Fecomércio-BA, registra a segunda queda consecutiva. Em maio, o indicador caiu 6,1% em relação a abril, que já havia mostrado queda de 6,6%. Na comparação com o mesmo período do ano passado, o recuo é ainda maior, de 10,2%. Lembrando que esse mês de 2020 foi marcado pelo auge da pandemia do coronavírus na sua primeira onda.

Todos os sete itens analisados pelo ICF recuaram no mês. O destaque negativo é do item Perspectiva de Consumo, que passou de 81,6 pontos em abril para os 72,3 pontos em maio, queda de 11,4%. São seis a cada dez soteropolitanos que disseram que irão gastar menos nos próximos três meses. O cenário é muito parecido na percepção de gastos no dia a dia. O item Nível de Consumo Atual retraiu 6,8% e, agora, atinge os 65,1 pontos.

Esse movimento mais retraído do consumo das famílias está associado diretamente a maior insegurança no mercado de trabalho e por conta da inflação que vem corroendo o poder de compra. Os dois itens relacionados ao emprego (Emprego Atual e Perspectiva Profissional) voltaram a ficar no patamar de insatisfação, abaixo dos 100 pontos, com os 97,2 pontos e 93,5 pontos, respectivamente. As variações foram similares, de 6,7% para o primeiro e 6,9% para o segundo.

E o aumento de preços, sobretudo o de alimentos, tem influenciado a queda do item Nível de Renda. No mês, ele atingiu os 87,1 pontos, 5,4% a menos que abril, sendo a terceira queda seguida. O IPCA, que é o índice oficial de preços, acumula, em 12 meses, 5,96% na região de Salvador e, especificamente, o grupo alimentos e bebidas registra alta de 12,02%, no mesmo período. Esse cenário deixa o risco de inadimplência maior e, por consequência, os bancos restringem mais o crédito aos consumidores. O item Acesso a Crédito detecta isso com a queda de 1,2% em maio. 45% das famílias de Salvador afirmam que está mais difícil obter empréstimos para compras a prazo.

Evidentemente, se o consumidor está mais inseguro no emprego, se a renda está mais curta e com mais dificuldade de obter crédito, a intenção para compra de bens duráveis tende a cair também. O item Momento para Duráveis atinge os 33,5 pontos, queda mensal de 2,5% e é o item com a menor avaliação no mês. Para 82%, este é um mau momento para comprar produtos como geladeira, fogão e televisor. Na análise por faixa de renda, as famílias com renda abaixo de 10 salários mínimos estão sentindo mais este momento. O índice para esse grupo foi de 73,1 pontos, recuo de 6,5% em relação a abril. Já o índice para os que ganham acima de 10 SM passou de 115,7 pontos para os atuais 112,1 pontos, exatamente igual ao que foi registrado neste período em 2020.

“O comércio da região sente há alguns meses os reflexos da deterioração das condições econômicas das famílias. A pesquisa da Fecomércio-BA sobre faturamento no varejo apontou queda de 6,6% em março quando comparado com o período pré-pandemia”, analisa o consultor econômico Guilherme Dietze. A segunda onda do coronavírus e suas consequências de restrições atingiram em cheio a economia local. “Para resgatar a intenção de consumo será necessário mais que um auxílio emergencial, mas investimentos de longo prazo para geração de empregos permanentes. Isso será possível quando houver previsibilidade econômica, o que por enquanto está difícil de ter”, conclui Dietze.

Foto: divulgação

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