Uma das justificativas da Petrobras para vender a RLAM – Refinaria Landulpho Alves e outras refinarias foi que a empresa passaria a centralizar sua atuação no seu “core business”, a parte central ou nuclear do seu negócio que seria a extração e prospecção de petróleo. Com isso, várias refinarias, inclusive as localizadas na região Nordeste, passaram a fazer parte do plano de desinvestimento da empresa. A RLAM foi a primeira a ser vendida para o fundo árabe Mubadala. (veja aqui).
Mas, em pleno desacordo com suas justificativas, nesta segunda-feira (24) a estatal lançou o RefTop-Refino de Classe Mundial, um programa que prevê investimentos de US$ 300 milhões até 2025 para aumentar a eficiência e desempenho de refinarias que não estão no plano de desinvestimentos da companhia.
Ou seja, a ideia de concentrar recursos no seu “core business” foi por água abaixo, já que no comunicado a estatal não só anuncia vultosos investimentos em refinarias como afirma que o investimento tem por objetivo fazer das refinarias que ficaram sob o seu controle as melhores companhias refinadoras de petróleo no mundo.
Ora, frente a essa decisão, a Petrobras precisa vir a público explicar que critérios adotou para a escolher as refinarias que seriam vendidas. Além disso, precisa explicar porque as refinarias que não estão no plano de desinvestimento e vão ser modernizadas, um investimento de US$ 300 milhões até 2025, estão todas situadas na Região Sudeste do país. Fica a sensação de que o plano de desinvestimento da estatal tinha como objetivo concentrar as operações de refino na região mais rica do país.
A Petrobras ainda é uma empresa estatal e, como tal, deveria introduzir no seus planos de negócios a variável localização e não privilegiar uma região em detrimento de outras. Agindo dessa maneira está contribuindo para o desequilíbrio econômico entre as regiões do país. As refinarias que receberão os aportes serão as refinarias Presidente Bernardes, Duque de Caxias, Capuava, Paulínia e Henrique Lage, todas localizadas no Sudeste do país. Os investimentos estão incluídos nos US$ 3,7 bilhões que a empresa prevê para a área de refino no Plano Estratégico 2021-2025.
A empresa precisa, portanto, vir a público explicar se foram critérios políticos ou técnicos os que determinaram a preservação de algumas refinarias em detrimento de outras.