O prefeito de Salvador, Bruno Reis (DEM), avalia que muitos parlamentares estão utilizando a CPI da Covid como palanque eleitoral para 2022. O colegiado investiga as ações e omissões do governo Jair Bolsonaro durante a pandemia. O gestor, que esteve em Brasília para tentar obter mais recursos para o enfrentamento da crise, disse que não é o momento adequado para o andamento do colegiado.
Entrando na terceira semana de depoimentos, a CPI ouve dois ex-ministros do governo Jair Bolsonaro: Ernesto Araújo (Relações Exteriores) e Eduardo Pazuello (Saúde). Os dois são considerados peças-chave para esclarecer a condução do governo federal no enfrentamento da crise sanitária da covid-19.
“Não se falava em outra coisa além da CPI. O Brasil sofrendo com falta de vacina, o Instituto Butantan paralisou a produção, o Brasil não consegue comprar mais doses de vacina. E o governo, o Senado, a República, ao invés de se concentrarem em salvar vidas, virou palanque eleitoral antecipado”, declarou Bruno Reis, ontem, em coletiva de imprensa online. “Eu defendo toda a apuração, defendo o processo de investigação, defendo que todos tenham o direito ao contraditório e à ampla defesa. Só acho que essa CPI poderia ficar para um outro momento. Passada a pandemia, se passava a limpo tudo”.
No requerimento de convocação de Pazuello, feito pelo relator, senador Renan Calheiros (MDB-AL), este afirma que os depoimentos dos ex-ministros da Saúde são imprescindíveis para elucidar as providências tomadas pela pasta para enfrentar a pandemia. Os senadores Randolfe Rodrigues (Rede-AP) e Alessandro Viera (Cidadania-SE) também apontam que Pazuello precisa explicar a insistência do governo no chamado “tratamento precoce” e a crise de oxigênio em Manaus (AM).
O depoimento do ex-ministro das Relações Exteriores Ernesto Araújo atende a pedidos de senadores que querem que ele explique a condução da diplomacia brasileira durante a pandemia. A relação do Brasil com a China deve ser um dos pontos mais questionados pelos parlamentares da CPI da Pandemia. Segundo o senador Marcos do Val (Podemos-ES), a política externa sob a gestão do ex-chanceler pode ter atrasado a compra de vacinas.(TB)
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