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FALTA DA CORONAVAC CAUSA FILAS NA BAHIA. ENTENDA MOTIVO

Redação - 12/05/2021 07:16

A administradora Patrícia Orrico, 63 anos, deveria ter recebido a segunda dose da vacina Coronavac no dia 2 de maio, mas não foi isso que aconteceu. Ela só conseguiu se vacinar nesta terça (11) devido à falta de doses do imunizante, que atinge a maioria dos municípios baianos, inclusive a capital, e também outros estados do Brasil. O atraso e as incertezas têm preocupado quem espera pelas doses. “Foi muito frustrante. Esses dias não foram de espera, porque a gente não sabia quando ia poder tomar, foram dias de incerteza e angústia mesmo”, diz Patrícia.

A aposentada Nara Pizarro, 67 anos, também passou pelo mesmo problema. Ela deveria ter completado a imunização com a Coronavac no dia 30 de abril, mas só conseguiu se vacinar no dia 10 de maio. “Eu fiquei muito apreensiva, muito ansiosa, pensando que não ia conseguir me vacinar, mas procurando me controlar porque eu não tenho mais 20 anos de idade. Fiquei com medo de pegar covid nesse tempo de espera”, conta a aposentada.

De acordo com o secretário municipal da Saúde (SMS), Leo Prates, a falta de doses da Coronavac teve início no dia 29 de abril e atingiu cerca de 84 mil pessoas. Com a chegada de três mil doses da vacina nos dias seguintes, foi possível suprir a demanda de quem estava com os dias 29 e 30 de abril – e algumas com o dia 1º de maio – marcados no cartão de vacinação como a data para a segunda dose. Mas, depois disso, o cenário ficou mais complicado. Somente a partir da chega de 26 mil doses à capital no último sábado (8), é que Salvador pode dar continuidade à imunização desse público.

Na segunda (10), a vacinação seguiu para as pessoas que tinham segunda dose prevista para o dia 1º de maio, um total de 13.191 pessoas. Nessa terça (11), além dos remanescentes do dia anterior, foi a vez dos que estavam sinalizados para 2 de maio, que somam 7.666 pessoas. Até o próximo domingo, o número de atrasos, antes de 84 mil pessoas, deve diminuir para 58 mil.

A falta de doses, porém, tem explicação: o atraso no envio de imunizantes da Coronavac pelo Ministério da Saúde para os estados e municípios. “Nós tínhamos um estoque controlado para 12 dias e o Ministério da Saúde ficou cerca de 20 dias sem nos enviar”, afirma Prates. Segundo a Secretaria Estadual de Saúde (Sesab), o Ministério da Saúde alega que os fabricantes não estão conseguindo entregar as vacinas conforme contrato estabelecido, sobretudo, por dificuldades na importação do IFA (Insumo Farmacêutico Ativo), que é a base da produção da vacina.

A recomendação inicial do Ministério da Saúde era de que fossem reservadas pelos estados as doses referentes à segunda aplicação. De acordo com a Secretaria Estadual de Saúde, a recomendação mudou no dia 21 de março deste ano, a partir do 8º lote das vacinas. Ou seja, a orientação passou a ser de que não fosse feita mais reserva de segunda dose e que todas as doses recebidas fossem logo aplicadas. Na prática, isso significa que o Ministério tem a obrigação de garantir a segunda dose em tempo hábil.

Mas, de acordo com o secretário municipal, Salvador não seguiu essa orientação e reservou uma parte das doses, mas, mesmo assim, não foi suficiente. “Não aplicamos logo tudo que recebemos e, por isso, pudemos passar um longo período sem falta de Coronavac, mesmo sem o envio pelo Ministério, mas não conseguimos sustentar isso por tanto tempo. Alguns membros do governo federal falavam que os municípios não aplicavam as doses no mesmo ritmo que elas eram enviadas, mas a história está respondendo agora a eles que não era isso”, explica o secretário.

Além da demora no envio de doses, Prates também culpa a quantidade de líquido nos frascos do imunizante. “Outro problema noticiado pelo Brasil todo é que imaginávamos ter uma quantidade em estoque que não era verdadeira porque os frascos estavam com menos doses do que deveriam. No nosso entender, a máquina do Butantan estava descalibrada e, ao invés dos frascos virem com 10 doses, vieram com nove ou oito. Em Salvador, isso representou cerca de 23 a 25 mil doses”, afirma.

O problema não se restringe à Salvador e nem à Bahia. Segundo informações divulgadas pela TV Globo, um levantamento feito com as secretarias estaduais de saúde aponta que ao menos 19 estados do país estão sendo atingidos pela falta de Coronavac. Esses 19 estados necessitam de mais de 1,5 milhão de doses para completar a imunização de todas as pessoas que já tomaram a primeira dose da Coronavac. São eles: Bahia, Sergipe, Alagoas, Pernambuco, Rio Grande do Norte, Minas Gerais, Espírito Santo, Rio de Janeiro, Paraná, Rio Grande do Sul, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Rondônia, Pará, Amapá, Tocantins, Maranhão, Ceará e Piauí.

Foto: divulgação

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