Em sua coluna mensal na Revista Carta Capital, a deputada federal Lídice da Mata (PSB-BA) falou sobre os assassinatos de Ian e Bruno Barros, que teriam sido entregues por seguranças do Atakarejo do Nordeste de Amaralina, em Salvador. A parlamentar defende que a família dos jovens de 19 e 29 anos, que eram sobrinho e tio, seja indenizada.
No texto, Lídice faz uma analogia ao caso utilizando trechos da música A Carne, de Seu Jorge, Ulisses Capelleti e Marcelo Fontes do Nascimento, que ficou famosa na voz de Elza Soares. A canção, que trata do Racismo, diz que a carne negra é a mais barata do mercado. “Moradores da comunidade pobre de Alto de Coutos, no subúrbio da capital baiana, Ian e Bruno não tiveram a mesma sorte de uma cliente de uma padaria na localidade Patamares, na Orla Marítima de Salvador. Na mesma semana em que eles foram cruelmente assassinados, a mulher foi flagrada furtando um pedaço de queijo e sequer foi revistada. E por que isso aconteceu? Foi por conta justamente do racismo estrutural, assunto que vem sendo exaustivamente debatido no Brasil”, disse a deputada no texto.
A parlamentar também lembrou da CPI dos Assassinatos de Jovens, presidida por ela no Senado. “Em 29 audiências da CPI do Assassinato de Jovens, realizadas pelo Senado Federal em 2015 e 2016, eu, como presidente daquela Comissão, pude comprovar isso e acompanhar de perto mais de 200 depoimentos. O relatório do então senador Lindbergh Farias (PT-RJ) apontou que o homicídio continua sendo a principal causa de morte de jovens negros, pobres, moradores da periferia dos grandes centros urbanos e, mais recentemente, também do interior do País. Entre as mais de 50 mil pessoas assassinadas anualmente no Brasil, quase metade é de jovens entre 16 e 17 anos, tendo os homens como mais de 90% das vítimas. O número de pretos ou pardos mortos de forma violenta é três vezes maior que o de brancos”, acrescentou.
Lídice finalizou lembrando que em Salvador, onde a população é majoritariamente formada por negros, o medo da violência apavora principalmente os moradores da periferia. “Muitos deles chegam a temer mais as forças de segurança. Na CPI, ouvi de um estudante da Universidade Federal da Bahia o relato de que ele havia confeccionado uma blusa com o nome do curso e da instituição de ensino, pois já havia sido agredido em algumas abordagens policiais”.
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