Para um cultuador das liberdades, como se autointitula o contrarregra J Maia, de 79 anos, tomar a segunda dose da vacina contra a Covid-19 nutre a expectativa de que o mundo deixe para trás os aprisionamentos da pandemia. Residente do Retiro dos Artistas, ele reconhece na imunização uma saída, mas sabe que ainda não são tempos de “sair cantando glórias e aleluias”. É hora, diz ele, de cautela com uma dose de esperança. Mistura que também se reflete em números, como a projeção de que, só até o fim de março, 16 mil vidas possam ter sido salvas no país devido à vacina, possivelmente combinada com outros fatores, segundo análises do Impulso Gov — organização que reúne especialistas na coleta e na análise de dados de saúde.
No país com mais de 400 mil mortos pela Covid-19, o detalhamento do que ocorre em municípios como Rio e São Paulo também revela outros indícios de que uma virada é possível. Em dados atualizados até a manhã de ontem, em ambas as cidades a proporção de idosos com mais de 70 anos sobre o total de óbitos caiu mais de 10 pontos percentuais em março e abril em relação à média do restante da pandemia. — Já superamos a varíola, hoje há remédios para controlar a Aids. Tenho absoluta certeza de que este momento vai passar. Sou um humilde romântico, que a vida inteira sonhou que tudo seria maravilhoso, e que agora espera que todas as gerações, não só a minha, voltem a ser felizes. É um problema da ciência e das pessoas, que devem continuar se cuidando, como eu tenho feito aqui — diz J Maia, que tem como uma das companhias uma calopsita criada solta.
Foto: divulgação