Por: João Paulo Almeida
Segundo dados da pesquisa de índice de Intenção de Consumo das Famílias (ICF), elaborado mensalmente pela Fecomércio-BA, em abril houve uma queda após oito altas consecutivas. O ICF passou os 87,2 pontos de março para os atuais 81,5 pontos, queda mensal de 6,6% e volta ao patamar que se viu em janeiro, de 81,3 pontos. Ou seja, anulando o ganho que o indicador teve no ano. E na comparação com o mesmo período do ano passado, a queda é ainda mais acentuada, de 21,9%. O consumo foi fortemente abalado, mas principalmente daqueles produtos mais caros, que tem uma necessidade de parcelamento, que são os duráveis, como televisor, computador e outros eletrodomésticos.
Em entrevista ao portal Bahia Econômica, o presidente do Sindicato dos Lojistas do Estado da Bahia, Paulo Mota, explicou que a queda na intenção de consumo ocorreu devido a insegurança que ainda está presente na roda da economia. Segundo ele os empresários estão acordando todos os dias reféns de uma possível novidade por parte dos poderes públicos que faça a economia parar.
“Nós ainda não estamos seguros do funcionamento constante por parte do comércio e das empresas. A insegurança que se tem no setor é muito prejudicial para o consumidor que se prevê muito na hora de consumir e fazer a economia girar. O comércio vive um dos seus piores momento na história e não vemos por parte dos governantes nenhuma possibilidade de se trazer uma melhora para o setor. A intenção é que esses números se repitam ao longo do ano”, disse o presidente.
Para o economista Guilherme Dietze, parte desse sentimento mais negativo está na maior dificuldade das famílias na obtenção de empréstimos para compra a prazo. O item Acesso a Crédito confirma isso, com a retração mensal de 8,3% e voltando para os 87,7 pontos, menor patamar desde agosto do ano passado. “E outra parte está no conjunto de fatores de medo de perder o emprego, da impossibilidade de compras em lojas físicas e do aumento de preços dos produtos de alimentos até os eletroeletrônicos”, explica. O Nível de Consumo Atual registrou forte queda de 10,5%, passado dos 78 pontos de março para os 69,8 pontos nesta nova coleta. E para o curto prazo, a intenção também é menor. O item Perspectiva de Consumo também seguiu a maioria e caiu 9,6% no mês, mas com uma pontuação um pouco mais elevada, de 81,6 pontos.
“As famílias de Salvador estão se sentindo menos seguras no seu emprego. Tanto o Emprego Atual e Perspectiva Profissional apontaram recuo em abril, de 1,1% e 4,6%, respectivamente. Ambos ainda estão, e são os únicos, no patamar de satisfação, acima dos 100 pontos, com 104,2 pontos para o primeiro e 100,4 pontos para o segundo”, avalia Dietze. Os dados do Caged, do Ministério da Economia, mostram geração positiva de emprego em Salvador no primeiro bimestre. Porém, não capta o momento atual de lojas fechadas e muitos empresários não tendo saída a não ser a demissão, gerando mais apreensão para as famílias. E por fim, o item Renda Atual que atingiu os 92,1 pontos, queda de 4,2%. O que pode ser explicado pelo aumento da inflação, sobretudo o de alimentos que mais impacta no orçamento das famílias.
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