Impulsionado pela digitalização e aumento do desemprego, consequências da pandemia da Covid-19, o número de novas empresas abertas no estado vem registrando crescimento em 2021. Nos três primeiros meses deste ano, a Junta Comercial da Bahia (Juceb) registrou a abertura de 8.781 empresas, quase 50% a mais que no mesmo período do ano passado. Descontando-se as extinções, o trimestre teve saldo de 3.005 novos empreendimentos.
Um dos motivos apontados pela Juceb para o crescimento dos registros foi a digitalização do processo de criação das empresas. Em junho do ano passado, a entidade passou a adotar o processo 100% digital para registro e arquivamento dos atos empresariais, o que levou ao aumento do número de abertura de novos empreendimentos. “No início da pandemia, houve dúvidas sobre a realização dos processos, e nós perdemos o ritmo desses registros. Após adotarmos o processo digital obrigatório, sem nenhum tipo de solicitação física, as alterações, aberturas e fechamentos de empresas voltaram à atividade”, diz a Juceb.
Além disso, a entidade destaca o desemprego causado pela pandemia, que evidenciou o empreendedorismo como uma alternativa para compensar a perda de renda. “Houve um boom de pessoas que pegaram o dinheiro da conta e resolveram abrir uma empresa”, diz a Juceb. Com o atual estado da pandemia, a Junta ainda possui incertezas sobre a manutenção dos novos negócios. Já Marília Oliveira, analista do Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae), acredita que o movimento de novos empreendedores deve se manter. “Apesar das incertezas, o empreendedorismo deve continuar crescendo. As pessoas querem cada vez mais trabalhar com o que elas gostam de fazer, e ser dono do próprio negócio traz uma possibilidade de crescimento muito maior”.
Começando um negócio
Apesar de ser uma boa alternativa, iniciar um novo negócio não é algo simples. O planejamento é fundamental para aqueles que desejam ingressar no empreendedorismo, e há uma série de fatores que devem ser analisados antes de iniciar um empreendimento. Como ponto principal, Marília recomenda elaborar uma proposta de valor para o seu negócio, ou seja, o que sua empresa pode oferecer a possíveis consumidores. “O mais importante é pensar com a cabeça do cliente, imaginar o que ele espera de você e sua capacidade de agregar valor na vida dele”, explica.
Para isso, pesquisar é fundamental. É preciso conhecer o que está sendo oferecido no mercado, e como você pode se diferenciar em nichos similares ao seu. Além disso, é importante conhecer o público que você deseja alcançar. “A pesquisa pode ser feita até mesmo por redes sociais. Quanto maior o foco na informação e na proposta de valor, maior será a capacidade do empreendedor de atingir a expectativa do cliente”, completa a analista.
Com isso em mente, Marília recomenda uma organização visual do modelo de negócio que você deseja, contendo todas as informações pesquisadas anteriormente, os canais que serão utilizados, os recursos necessários para executar a ideia, dentre outras. Uma ferramenta muito usada para planejar novos negócios é o Canvas, um esquema disponível online que traz os principais pontos que devem ser analisados ao abrir uma empresa.
Após a estruturação do negócio, a analista alerta que a organização não pode parar, principalmente na área das finanças. “É muito importante utilizar ferramentas para registrar tudo o que ocorre no empreendimento. Ganhos, despesas, problemas, pontos de melhoria, tudo deve estar escrito, mesmo que seja nas ferramentas mais simples”. Por fim, para atingir voos maiores, é preciso pensar em formas de divulgar seu negócio, sempre levando em conta os canais nos quais o seu público-alvo está presente. Além disso, lembre-se sempre de ouvir as necessidades dos clientes. “Com organização e preparação e colocando-se no lugar do público, o potencial do negócio torna-se ainda maior”, afirma Marília.
Foto: divulgação
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