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BB, PETROBRAS E ELETROBRAS JÁ PERDERAM R$ 97 BI, COM INTERFERÊNCIA DO GOVERNO

Redação - 04/04/2021 07:00 - Atualizado 04/04/2021

O desânimo do mercado financeiro com a situação econômica do país — seja por recrudescimento da pandemia e vacinação lenta, intervencionismo do governo em estatais como Petrobras e Banco do Brasil ou pela agenda de reformas parada — já se reflete nos principais ativos neste início de ano. Na ponta do lápis, os arroubos intervencionistas do governo saíram caro. Só este ano, o valor de mercado somado de Petrobras, BB e Eletrobras — cujo presidente Wilson Ferreira Junior se demitiu em janeiro por conta do atraso na privatização — encolheu R$ 97 bilhões.

Além diss, a curva de juros futuros dos contratos com prazo de dez anos passou de 7,19%, no início de janeiro, para 9,32%, no fim de março. No mesmo período, o risco-país, medido pelo Credit Default Swap (CDS), uma espécie de seguro contra calotes do Brasil, saltou de 143,5 pontos para 231, uma alta de 87,5 pontos. — Terminamos 2020 com estimativas mais positivas para o Brasil, com esperança de avanço da vacinação e um superciclo de commodities, com a recuperação da economia da China. Com excesso de recursos pelo mundo, esperava-se que os investimentos viriam por osmose para o país. Mas essas expectativas foram se deteriorando neste início do ano, e os principais ativos refletem esse movimento — diz Matheus Spiess, economista e especialista em investimentos da Empiricus Research.

A entrada de capital estrangeiro na Bolsa murchou a partir de fevereiro, quando o presidente Jair Bolsonaro, incomodado com a alta dos combustíveis, anunciou a troca de comando na Petrobras. Até fevereiro, o saldo entre compra e vendas de ações na B3 era positivo em R$ 28 bilhões. No final de março, esse saldo ainda está positivo, porque os ativos brasileiros estão baratos em dólar, mas caiu para R$ 11,8 bilhões.

Termômetros do mal-estar

Desde o conturbado anúncio da troca de comando da maior empresa do país, o saldo nunca mais ficou acima de R$ 20 bilhões, lembram analistas, o que sinaliza a desconfiança do investidor estrangeiro. — A intervenção na Petrobras e no Banco do Brasil, que levou o presidente da instituição a pedir demissão, elevou a percepção de risco das estatais, traz insegurança jurídica e coloca em xeque o projeto de privatizações — observa Gustavo Bertotti, economista-chefe da Messi Investimentos.

Foto: divulgação

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