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DÓLAR TEM MAIOR ALTA SEMANAL EM 9 MESES

Redação - 26/03/2021 18:36

O dólar fechou em forte alta nesta sexta-feira, acima de 5,74 reais, em meio a um expressivo movimento de compras defensivas diante de intensos ruídos sobre a postura do Banco Central em relação ao câmbio e da falta de perspectivas de fluxo e de melhora econômica de curto prazo.

Na semana, o dólar teve a maior alta em nove meses, alavancado por um combo que inclui aumento de percepção de risco político-fiscal e fortalecimento da moeda no exterior. O dólar à vista subiu 1,25% nesta sexta, para 5,7406 reais. A moeda variou entre 5,6548 reais (0,26%) e 5,7576 reais (+1,55%).

“O que ninguém entende é o racional do BC para atuar no câmbio. Vendeu a 5,58 reais e agora não faz nada com a moeda tendo pior performance relativa?”, comentou Sérgio Goldenstein, consultor independente da Ohmresearch Independent Insights.

Na quinta-feira, o presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, disse ser equivocada a visão de que intervenções no câmbio feitas pela autoridade monetária em dias em que o real está apreciando estariam ligadas ao cenário inflacionário e reforçou que o câmbio é flutuante.

“Gostaria de deixar bem claro que nós entendemos que o efeito que o câmbio traz para nós é o efeito inflacionário através dos canais, a gente tem olhado isso há bastante tempo”, disse Campos Neto em entrevista à imprensa, em evento no qual sinalizou que os juros poderiam subir menos do que o projetado pelo mercado –o que seria um revés para o câmbio. “O BC se comunicou mal sobre o dólar”, disse um gestor. “A sensação que deu é que eles vão deixar o câmbio ir embora (depreciar)”, completou, avaliando que o BC está “atrás da curva”.

Investidores comentam ainda sobre uma constante tensão diante de recorrentes pressões de governadores por mais gastos em combate à pandemia e eventual volta do estado de calamidade pública –que ampliaria a margem de despesas que podem ficar fora das restrições das metas fiscais–, enquanto ainda digeriam o Orçamento aprovado na véspera. “O Congresso aprovou um Orçamento irreal para 2021”, disse a XP em nota, avaliando ainda que uma “manobra fiscal” relacionada ao abono salarial de 2022, emendas parlamentares e o programa BEM aumentou a percepção de risco nos mercados.

Na semana, o dólar saltou 4,68%, maior valorização desde a semana encerrada em 19 de junho de 2020 (+5,41%). Em março, a cotação sobe 2,46%, elevando os ganhos em 2021 para 10,58%.

O real teve o segundo pior desempenho nesta sessão –apenas a lira turca caiu mais–, e a performance relativa mais fraca ficou evidente contra o peso mexicano –considerado um termômetro do sentimento mais geral sobre os mercados emergentes.

O real chegou ao fim da tarde em queda de 2,2% ante o peso, para mínimas em 17 anos.

Foto: Reuters

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