Quem for comprar os produtos do almoço da Semana Santa nos próximos dias vai encontrar feiras mais vazias e produtos mais baratos. As feiras da Sete Portas e de São Joaquim, e o Marcado Popular de Água de Meninos tiveram movimento fraco. Já os vendedores afirmaram que os preços vão subir a partir da próxima semana.
A garçonete Josy Sena, 48 anos, estava suando de tanto caminhar pela Feira de São Joaquim, nesta terça-feira. Ela estava em busca dos ingredientes para fazer o almoço da Semana Santa e contou que resolveu fazer as compras 11 dias antes da festa para evitar grandes aglomerações, por conta do risco de contágio do novo coronavírus, e também para tentar encontrar preços mais baixos. Saiu frustrada da feira.
“Sempre venho uma semanas antes da data, mas esse ano eu vim ainda mais cedo, só que não adiantou muito. Está tudo mais caro. Paguei R$ 45 no quilo do camarão seco. No ano passado estava mais barato. A castanha também está com um valor absurdo”, contou. Ela estava usando máscara e luvas.
Josy encontrou duas verdades. De fato, o movimento na feira ainda está fraco. E também está correto que os preços estão mais caros. O Correio fez a comparação com o ano passado. Na prática, os principais ingredientes – quiabo, camarão seco, azeite de dendê, coco, amendoim, castanha, cebola, e o peixe – tiveram reajuste.
Outra verdade incontestável é de que os valores vão subir ainda mais quando a Sexta-Feira Santa, que esse ano será em 2 de abril, estiver mais próxima. Muitos vendedores acreditam que a partir do próximo final de semana os fornecedores já devem começar a repassar as mercadorias com valores reajustados.
O diretor da Associação dos Permissionários do Ceasa (Aspec), Carlos Bros, explicou que os reajustes acontecem todos os anos, mas que o percentual de aumento depende de uma série de fatores, como questões climáticas, despesas com a produção e transporte dos produtos, e da procura pelos insumos. Bros afirmou que, este ano, o movimento de clientes está abaixo do normal na Ceasa.
“Esse era o momento para estarmos no auge, porque muita gente faz as compras uma semana antes da festa, mas o movimento está 50% menor, e não acredito que vai melhorar muito. Esse ano, por causa da pandemia, quem fazia caruru para 50 pessoas vai fazer para dez, ou nem vai fazer, então, as vendas vão continuar baixas”, disse. Ele acredita que o quiabo sofrerá o maior impacto porque os preços estão muito baixo do mercado, atualmente. “Não pagam nem a produção, então, deve aumentar na próxima semana”, disse.
Na porta da Feira de São Joaquim o centro do quiabo está sendo vendido por R$ 8. Já dentro da feira é possível encontrar por R$ 6. Na Sete Portas está de R$ 7. No ano passado, um dia antes da Sexta-Feira Santa, o produto alternava nas bancas de R$ 8 a R$ 15. Já a garrafa de 1 litro do azeite de dendê podia ser encontrada por R$ 5 a R$ 7. Agora, depois da crise na produção revelada pelo Correio, em agosto, está de R$ 10. O feirante Alan Souza, 25, contou que na loja em que ele trabalha na Feira de São Joaquim foi feito um estoque de alguns produtos. “Isso vai ajudar a segurar os preços por algum tempo, mas que o reajuste é comum nessa época do ano”, disse.
Outros produtos
O coco (R$ 2 a unidade) e a cebola (R$ 4 o quilo) mantiveram o mesmo preço do ano passado. O amendoim torrado aumentou de R$ 8 para R$ 10 o quilo. O peixe também subiu. Às vésperas da celebração, em 2020, o quilo da corvina estava saindo por R$ 13. Este ano, uma semana antes da data, o preço já está em R$ 17. Foi tentando fugir dos reajustes que o técnico em eletromecânica Herbert Lima, 36, e o pai dele, Jorge Lima, 71, anteciparam as compras. Eles estiveram no Mercado Popular de Água de Meninos, mas ficaram surpresos. “Está tudo mais caro. O quilo do vermelho está variando de R$ 30 a R$ 35. Ano passado eu comprei de R$ 25, e achei gente vendendo até de R$ 23. A arraia, que a gente compra todo ano também, está custando R$ 17 o quilo. Pagamos R$ 13 da outra vez”, disse.
Pai e filho contaram que têm o hábito e comprar os produtos uma semana antes da festa, mas que anteciparam ainda mais a data das compras para evitar aglomerações. Mesmo chateados, Herbert e Jorge levaram os peixes. O Mercado está pouco movimentado, com corredores livres e sem filas. Segundo um funcionário, o fluxo deve começar a aumentar a partir de quinta-feira (25). A Secretaria Municipal de Ordem Pública (Semop) alterou os horários de funcionamento dos principais mercados municipais da cidade. O de Água de Meninos, por exemplo, terá entrada e saída diferenciadas e limite de 50 clientes de cada vez (veja abaixo).
Confira os preços desta semana dos principais ingredientes:
Confira o horário de funcionamento dos mercados municipais:
Foto: Nara Gentil/ CORREIO