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FUNDO BRITÂNICO INVESTE NO MERCADO VEGANO NO BRASIL

Redação - 23/03/2021 13:30 - Atualizado 23/03/2021

A Veg Capital, fundo de Venture Capital britânico focado no mercado vegano, está à procura de boas empresas –plant-based, é claro– para investir no Brasil. E, para isso, a iniciativa desembarca por aqui em parceria com o dinamarquês-brasileiro Christian ‘Crica’ Wolthers, investidor-anjo e criador do app Zen. Crica mora no Brasil há 11 anos e tornou-se vegano há quatro, inicialmente por questões de saúde, mas se encantou pelo tema. Decidiu, então, pouco antes da pandemia, mudar toda a sua tese de investimento para apostar apenas em empresas do segmento ou que, pelo menos, tenham fundadores veganos.

Em sua busca por oportunidades no setor, conheceu a Veg (mais precisamente o diretor executivo do fundo, Matthew Glover, no LinkedIn) e se impressionou. Com apenas 18 meses de vida, a empreitada vem ganhando tração no Reino Unido e também já apoiou empresas de outros países na Europa e na Ásia. Ao todo, foram 19 empresas impulsionadas e cerca de US$ 4 milhões investidos até aqui, provenientes de investidores, em sua maioria anônimos, alinhados com a missão de difundir o veganismo. Agora, com a ajuda de Crica, o fundo olha para o mercado sul-americano e, mais precisamente, para o Brasil.

A dupla já até escolheu sua primeira parceria. Trata-se da Super Vegan, fábrica de chocolates de Santos (SP) que vende cerca de 750 quilos mensalmente, atende o país todo através do seu e-commerce e possui pontos de venda em 32 cidades. A empresa espera crescer 10 vezes em 2021. Aqui já fica uma dica sobre como o fundo quer agir no país. Empresas escaláveis, em fases não muito avançadas e, principalmente, com produtos que possam ajudar a revolucionar o mercado. O ticket de investimento varia de R$ 350 mil, como foi o caso da Super Vegan, a R$ 1,5 milhão, de acordo com o porte de cada empresa.

“A Veg Capital não tem fins lucrativos. Tudo que recuperamos com os nossos investimentos é doado para instituições do segmento. Dito isso, nosso principal objetivo é remover animais da cadeia de suprimentos, e fazemos isso investindo em empresas jovens que estejam desenvolvendo produtos nessa linha”, diz Glover. “E o Brasil está no ponto em que o Reino Unido estava há dois, três anos atrás. Os Estados Unidos avançaram muito na produção, com empresas como Beyond Meats e Impossible Foods, e nós ficamos para trás. Mas o sucesso americano foi tão grande que chegou à Europa e nos ajudou a avançar. O mesmo pode ocorrer neste caso.”

Nessa linha, e questionados sobre a receptividade do público brasileiro a produtos plant-based, os investidores se mostram otimistas. Crica relembra uma pesquisa de 2018 do Ibope, em que 14% dos brasileiros se declararam vegetarianos e 55% afirmaram que consumiriam mais produtos veganos se sua origem estivesse indicada na embalagem. “O Brasil é a terra dos contrastes. Acredito que ainda não temos tantas discussões sobre sustentabilidade como em outros países porque enfrentamos uma série de outros problemas por aqui, mas as pessoas estão abertas a experimentar novos produtos, e estes produtos estão cada vez mais acessíveis”, diz Crica.

Ele afirma, inclusive, que o mercado nacional já tem desenvolvido ótimas alternativas, como as da Fazenda Futuro, mas que pode muito mais. A partir disso, indica os segmentos de queijo e chocolate como possíveis destaques em uma nova onda de disseminação vegana no país. Glover corrobora o sentimento e também indica um iminente intercâmbio entre produtos brasileiros e europeus, sempre priorizando a substituição dos produtos de origem animal mais consumidos em cada região. Ele cita particularmente o VFC, ou Vegan Fried Chicken, frango frito vegano desenvolvido por empresa inglesa e apoiado pelo Veg Capital que pode chegar ao Brasil no futuro.

“O mercado vegano está alcançando um crescimento exponencial no sabor, na competitividade de preços e na distribuição. Além disso, precisamos encontrar soluções para os nossos problemas de sustentabilidade, e não conseguiremos fazer isso sem mudar nossa dieta”, resumem.

 

foto: Super Vegan/Divulgação

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