O estado de São Paulo registrou 679 novas mortes provocadas pela Covid-19 nesta terça-feira (16), o maior total em 24h desde o início da pandemia. O número equivale a uma nova morte confirmada a cada 2 minutos e 6 segundos. Ao todo, o estado chegou a 64.902 óbitos causados pelo coronavírus. O recorde anterior, registrado na semana passada, era de 521 mortes em um dia, e representava pouco mais de uma morte a cada 3 minutos.
Os novos registros não significam, necessariamente, que as mortes aconteceram de um dia para o outro, mas que foram computadas no sistema neste período. As notificações costumam ser menores em finais de semana, feriados e segundas-feiras, por conta do atraso na contabilização. A média móvel de mortes, que considera os registros dos últimos sete dias, também foi recorde nesta terça-feira (16) e chegou a 400 óbitos diários. O valor é 50% maior do que o registrado há 14 dias, o que para especialistas indica forte tendência de alta da epidemia.
Como o cálculo da média móvel leva em conta um período maior do que o registro diário, é possível medir de forma mais fidedigna a tendência da pandemia. O estado teve ainda 17.684 novos casos da doença confirmados nas últimas 24h. No total, São Paulo chegou a 2.225.926 casos de Covid-19 confirmados desde o início da epidemia. A média móvel de casos foi recorde nesta segunda-feira, e chegou a 13.129 casos por dia, um número 39% maior do que o verificado 14 dias atrás, o que também indica tendência de alta.
Explosão da Covid-19 em SP
Em postagem nas redes sociais, o secretário-executivo do Centro de Contingência para o coronavírus do governo paulista, João Gabbardo, comentou a explosão de casos registrados no país e pediu ao novo ministro da Saude, Marcelo Queiroga, que não se posicione contra medidas mais rígidas de isolamento social. Mais cedo, em entrevista à GloboNews, o vice-governador do estado, Rodrigo Garcia, disse que João Doria não descarta decretar um lockdown, mas afirmou que o governo não tem condições de determinar o fechamento do estado sem que tal medida seja coordenada nacionalmente.
Levantamento feito pelo G1 e pela TV Globo aponta que ao menos 75 pessoas com Covid ou suspeita da doença morreram na fila de espera por leito de UTI no estado. O colapso da saúde também atinge a rede particular da capital paulista. Nesta terça, o secretário municipal da Saúde, Edson Aparecido, disse que os hospitais privados estão solicitando leitos do SUS porque não conseguem atender a demanda. “Algo inédito”, afirmou Aparecido.
Municípios em colapso
O estado tem 69 municípios com 100% de ocupação dos leitos de Unidade de Terapia Intensiva (UTI) para Covid-19, segundo anunciou nesta segunda-feira (15) o secretário estadual da Saúde, Jean Gorinchteyn. O total corresponde a pouco mais de 10% das cidades paulistas, já que o estado tem 645 municípios. Nem todas as cidades possuem leitos de UTI porque, em municípios menores, os pacientes mais graves são encaminhados para hospitais regionais de referência.
O total de internados em UTI nesta segunda-feira (15) foi 60% maior do que o pico da primeira onda da pandemia, em 2020. No domingo, foram registradas 24.285 pessoas internadas, sendo 10.507 em UTIs e 13.778 em enfermaria. O número total de internados no estado, incluindo leitos de UTI e de enfermaria, está batendo recordes todos os dias desde 27 de fevereiro. A taxa média de ocupação de UTIs em São Paulo, contando leitos particulares e públicos, chegou a 89% nesta segunda-feira (15).
Esgotamento do sistema
Especialistas alertam para a possibilidade de colapso do sistema, já que a capacidade de criação de leitos, especialmente de UTI, é limitada. Neste domingo, o secretário municipal da Saúde de São Paulo, Edson Aparecido, disse que a próxima semana será a mais difícil de toda a pandemia na cidade e admitiu o risco de colapso no sistema de saúde. “O que a gente deve enfrentar esta semana vai ser o momento mais difícil dessa pandemia, nestes últimos 14 meses”, alertou o secretário.
Um cálculo matemático mostra que São Paulo pode chegar ao colapso de seu sistema de saúde nos primeiros dias de abril, caso o atual ritmo de avanço da pandemia permaneça o mesmo. Todos os leitos de UTI disponíveis para Covid-19 nas redes pública e privada do estado devem acabar nesse prazo, se o ritmo atual de internações pela doença e de abertura de novos leitos se mantiver em crescimento.
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