De uma lado, estado e município impõem medidas restritivas que impedem o funcionamento do comércio e dos serviços que respondem por mais de 70% do PIB baiano. De outro o governo federal e o Congresso Nacional demoram em
restabelecer o sistema de suspensão de contratos e redução de salários e jornadas e outras medidas que apoiem os empresários. Nesse cenário, que ainda inclui a dificuldade de acesso ao crédito, a perspectiva é que, caso não sejam tomadas medidas compensatórias, muitas empresas baianas não resistam ao novo ciclo de fechamento de lojas, aumentando o nível de desemprego.
A verdade é que as pequenas e médias empresas, especialmente do setor de comércio e serviços, estão sem caixa, com reservas financeiras exauridas e já começam a demitir. Sem o retorno de medidas de socorro, haverá disparada no desemprego e no fechamento de negócios. Além disso, a inadimplência vai crescer, pois os pequenos empresários não têm como pagar aos fornecedores.
Segundo empresários ouvidos pelo Bahia Econômica, a situação está pior do que no ano passado, pois agora não tem banco emprestando, não se pode pagar o aluguel sem faturamento e não há como repor estoques.
Os empresários fogem da discussão política e queixam-se de todos os entes governamentais. A lentidão do governo federal em trazer de volta as medidas de 2020 é o problema mais citado, mas os empresários afirmam também que governo e prefeitura deveriam suspender os impostos ou estender o prazo de pagamento, afinal como pagar os tributos se as empresas estão com faturamento zero. Eles citam como exemplo a Taxa de Fiscalização do Funcionamento – TFF que continua sendo cobrada mesmo com as atividades fechadas. E afirmam que os impostos estaduais precisam ser adiados, pois senão a inadimplência será inevitável.
Para completar, muitas empresas estão encarando agora o vencimento dos empréstimos do Pronampe e sem caixa para pagar. Vale lembrar que o problema atinge mais diretamente o setor de serviços e o comércio, pois a indústria e a construção civil permanecem operando.
De acordo com levantamento realizado pela Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC), 75 mil estabelecimentos comerciais com vínculos empregatícios fecharam as portas no Brasil em 2020 e na Bahia o número supera os 5 mil estabelecimentos. Se for incluído bares, restaurantes, hotéis, empresas de turismo e outras empresas, o número se eleva em muito.
Segundo a Fecomércio-BA a volta das restrições das atividades, reduziu ainda mais a confiança do empresário de Salvador, que conseguiram respirar com o aumento de vendas no segundo semestre, mas agora, sem caixa e sem crédito, a tendência é que haja um aumento do fechamento de estabelecimentos e um aumento do desemprego.
Frente a esse quadro é urgente que o governo federal e o Congresso Nacional agilizem a aprovação das medidas relacionadas a emprego e crédito, que são indispensáveis para que os empresários sigam com seus negócios em funcionamento, e os governos estaduais e municipais tomem medidas no âmbito tributário para dar fôlego ao empresariado permitindo que ele possa sobreviver a mais está fase de fechamento da economia.