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OCUPAÇÃO DE UTIS COVID SUPERA 80% EM MAIS DA METADE DOS ESTADOS BRASILEIROS

Redação - 01/03/2021 07:00

Levantamento feito pelo Globo com as secretarias estaduais de Saúde mostra o colapso na saúde em mais da metade dos estados brasileiros diante do aumento de casos de Covid-19. Ontem, dia em que o país registrou um novo recorde de mortes segundo a média móvel dos últimos sete dias, com 1.208 óbitos, pelo menos 781 pessoas aguardavam leitos de UTI em seis estados e no Distrito Federal, e a ocupação nas unidades intensivas da rede pública superava os 80% em 17 estados e no DF.

A situação em três estados foi determinante para que a ministra Rosa Weber, do Supremo Tribunal Federal (STF), decidisse que o Ministério da Saúde deve voltar a custear leitos de UTI para pacientes com Covid na Bahia, no Maranhão e em São Paulo — estados que estão, respectivamente, com 84%, 80% e 72% de ocupação nas unidades intensivas na rede pública. Os pedidos foram apresentados pelos governos estaduais, e as decisões ainda precisam ser confirmadas pelo plenário. O ministério diz que o pedido é “desnecessário” porque “vem cumprindo com suas obrigações”.

As decisões abrem espaço para que outros estados façam pedidos semelhantes. De acordo com o Conselho Nacional de Secretários de Saúde (Conass), o número de leitos habilitados pelo Ministério passou de 12.003, em dezembro, para 7.117 em janeiro e 3.187 em fevereiro.

Pela manhã, o presidente Jair Bolsonaro minimizou a falta de vagas, escrevendo, em rede social, que “a saúde no Brasil sempre teve seus problemas”. “A falta de UTIs era um deles e certamente um dos piores”, escreveu em sua conta no Facebook, compartilhando uma reportagem do site G1 de 2015 sobre falta de leitos no Brasil. À noite, ele se reuniu no Alvorada com quatro ministros, entre eles o da Saúde, Eduardo Pazuello, e os presidentes da Câmara e do Senado para tratar de temas como “vacina” e “situação da pandemia”.

Ontem, foram notificados 755 óbitos por Covid-19 nas últimas 24h, totalizando 255.018 vidas perdidas por causa do novo coronavírus. A média móvel está 11% maior do que o cálculo de duas semanas atrás. Os recordes seguidos, que foram registrados em três dias da última semana, indicam tendência consolidada de aumento dos óbitos provocados pelo vírus no Brasil.

São seis os estados, mais o DF, com pacientes esperando por UTIs. A maior fila foi registrada na Bahia: 263 pessoas. O estado chegou ao pico de pacientes internados em leitos de UTI desde o início da pandemia: 969. Paraná, Rio Grande do Sul, Rio de Janeiro, Rio Grande do Norte e Santa Catarina fecham a lista. Neste último, a informação de 99 pessoas à espera de leito é do site G1, com base em informações sigilosas do governo catarinense, que até o fechamento desta edição não negou ou forneceu dado mais atualizado.

O problema pode ser ainda maior, visto que estados como o Ceará, que no meio da semana passada tinha 67 pessoas na fila por um leito público de UTI, não atualizaram o dado a pedido do Globo. A fila pela UTI pode ocorrer mesmo em estados onde a ocupação destes leitos não chegou a 100%, pois pode haver um descompasso entre o número de enfermos em determinada cidade ou região. Além da dificuldade de remoção dos pacientes, o gerenciamento de vagas precisa levar em conta a evolução dos pacientes do próprio hospital e o prazo para reabilitar um leito após o uso por um outro paciente.

Os recordes de ocupação fizeram muitos estados estabelecerem ou prorrogarem medidas restritivas. Na Bahia, o lockdown será ampliado em mais 48 horas, período no qual só poderão funcionar atividades essenciais. O toque de recolher,  de 20 horas até 5 horas, para todas as regiões e todo estado, valendo até o próximo domingo. — Infelizmente, a situação continua muito grave. Ao longo de três dias foram 320 óbitos na Bahia. Os hospitais privados continuam operando a quase 100%. A rede estadual a mais de 90%.Precisamos atravessar esse momento crítico, que em toda a pandemia não vivemos — afirmou o governador.

Além da Bahia, outros estados estão endurecendo medidas de restrição, para tentar conter a evolução do vírus. No Paraná, onde 221 esperavam, no domingo, um leito de UTI e outros 333 pacientes aguardavam leitos clínicos, serviços e atividades não essenciais estão suspensos a partir deste sábado até o dia 8 de março. No período, haverá também proibição da circulação de pessoas em espaços e vias públicas das 20h às 5h. O governador também anunciou a suspensão das aulas, de cirurgias eletivas, entre outras atividades. Medidas semelhantes foram adotadas em Santa Catarina, onde a ocupação dos leitos é de 92%, mas passa de 100% em muitas cidades.

No Rio Grande do Sul, onde a ocupação de UTIs chegou a 90,4% e a fila por leitos era de 114 pessoas no domingo, começou na meia-noite de sábado e até 7 de março, todo o estado estará classificado na bandeira preta, que indica risco altíssimo de contágio para o coronavírus. As atividades não essenciais estão suspensas das 20h às 5h. Até o primeiro jogo da final da Copa do Brasil, entre Grêmio e Palmeiras, foi adiado para as 21h para tentar evitar aglomerações em bares. No Rio Grande do Norte, com ocupação de UTI de 89,4% e 35 pessoas na fila por leito, a partir de hoje haverá suspensão das aulas presenciais nas redes privada e pública de ensino, das atividades coletivas nos templos e Igrejas e do funcionamento de parques ou qualquer outro tipo de evento e festas de qualquer natureza.

Mesmo estados sem filas ou ainda na faixa dos 80% sofrem, como o caso do Maranhão. A região de Imperatriz, na divisa com o Tocantins e próxima do Pará, está com 100% de ocupação de UTIs. O estado contabilizou, em fevereiro, 24 pacientes de outros estados. Assim, o governo decidiu pela suspensão das cirurgias eletivas em alguns hospitais e a abertura de um hospital de campanha em Imperatriz com 60 leitos.

Cidades da Região Metropolitana de Goiás, como Goiânia e Aparecida, decretaram lockdown por sete dias. O governador do Distrito Federal, Ibaneis Rocha (MDB), recuou um dia após decretar lockdown. Em novo decreto, no sábado, houve mudanças em medidas impostas aos setores do comércio. Bancos, parques e indústria foram liberados. Shoppings, bares, restaurantes permanecerão fechados, enquanto supermercados, farmácias e clínicas poderão funcionar.

Foto: divulgação

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