Friday, 18 de April de 2025
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JORNAL A TARDE – ARMANDO AVENA: O PRESIDENTE E A PETROBRAS

Redação - 25/02/2021 08:48 - Atualizado 25/02/2021

O problema não foi a demissão do presidente da Petrobras, afinal essa é uma prerrogativa do Presidente da República. O problema não foi a queda de 20% no preço das ações da empresa no dia seguinte, pois na bolsa as ações caem num dia e sobem no outro. O problema foi a forma intempestiva com que o Presidente demitiu o gestor da maior empresa do país, gerando incertezas no mercado, afugentando investidores, fazendo alguns operadores ganharem milhões e deixando no ar a dúvida quanto a manutenção ou não da política de preços da Petrobras.

Essa política depende da cotação do dólar e do preço do barril de petróleo. E, embora o governo não controle a última variável, é o responsável pelo câmbio. Quando Jair Bolsonaro assumiu a presidência, a cotação do dólar estava em R$ 3,20. Um ano depois era 30% mais alta e atualmente custa R$ 5,45. Reduzir a incerteza econômica e a  cotação do dólar faria com que os reajustes dos combustíveis fossem menos acentuados. E falar que vai reduzir impostos é conversa pra boi dormir. O governo não pode reduzir impostos sem indicar a fonte que vai cobrir o rombo.

Assim, a retirada do imposto federal no diesel e na gasolina por dois meses foi jogo de cena e terá de ser coberto, sob pena do presidente cometer uma pedalada fiscal. E o mesmo se dá com o bolodório  sobre a redução do ICMS dos combustíveis com o qual o presidente quer jogar o problema no colo dos governadores. Imposto sobre combustíveis representa cerca de 25% da arrecadação dos Estados, uns mais outros menos, e para retirar esse imposto sem uma revolta de governadores será necessário encontrar uma fonte de arrecadação para substituí-la, o que parece impossível num país cujo déficit público explodiu e a dívida interna já representa 100% do PIB.

E mesmo que fosse possível reduzir o ICMS dos combustíveis isso não mudaria a essência do problema, pois, embora os preços caíssem num primeiro momento,  eles continuariam sendo reajustados duas, três, ou quantas vezes fossem necessárias de acordo com o preço do barril do petróleo e a cotação do dólar. Sem mexer nisso,  não há grito de  caminhoneiro ou rompante de presidente que resolva o problema.  Eventualmente,  poderia ser criado um fundo, uma espécie de amortecedor, para que os reajustes não fossem tão frequentes, mas isso já foi tentado com a famigerada “conta petróleo” e o resultado foi a União subsidiando a Petrobras, o que  resulta em pedalada fiscal ou rombo na empresa.

Frente a esse cenário, o que Bolsonaro fez foi buscar um culpado e assim dar uma satisfação aos caminhoneiros. É como aquele técnico de futebol que, ao perceber que o time está perdendo, culpa o jogador ao invés de mudar a tática de jogo.

                                                PRESIDENTE BIPOLAR

O caso da Petrobras fez muitos economistas aventarem a hipótese do Presidente Bolsonaro ser bipolar. A bipolaridade é um transtorno psicológico que tem uma fase  de euforia na qual o ego  age de forma agressiva e confiante e subestima os riscos.  Confrontado com os erros, vem a remissão, ele se arrepende e tenta consertar. No dia a dia a bipolaridade de Bolsonaro é óbvia, mas na economia ela era contida pelo superego, Paulo Guedes, que, infelizmente, se tornou servil ao chefe.  Demitir o presidente da Petrobras foi um arroubo bipolar, mas o mercado reagiu e Bolsonaro entrou em remissão. Então foi a pé ao Congresso garantir a privatização da Eletrobrás. Será que haverá novos surtos?

                                                OTTO NA COMISSÃO DE ECONOMIA

O senador Otto Alencar, presidente do PSD na Bahia, foi eleito por aclamação presidente da Comissão de Assuntos Econômicos do Senado. É o colegiado mais importante da casa, junto com a Comissão de Constituição e Justiça. A CAE discute e dá parecer sobre  projetos econômicos e sabatina os dirigentes de instituições econômicas, como o Banco Central. Otto tem se destacado pela discussão dos problemas econômicos e já afirmou que não há solução para a economia sem vacinação em massa e se posiciona contra a revogação do gasto mínimo em saúde e educação proposta na PEC Emergencial. E na CAE disse que vai buscar um caminho para carrear recursos para o estado e para os municípios.

 

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