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AÇÕES DA PETROBRAS TÊM SEGUNDO DIA DE RECUPERAÇÃO

Redação - 25/02/2021 07:02

Em segundo dia de recuperação após o derretimento de suas ações na segunda-feira, a Petrobras se valorizou no pregão desta quarta-feira da Bolsa de São Paulo, a B3, mas não o suficiente para compensar as perdas em sua avaliação de mercado provocadas pela intervenção do presidente Jair Bolsonaro para trocar o comando da estatal. A crise agravou a desconfiança no mercado sobre a agenda econômica e impôs um grande ponto de interrogação sobre a política de preços da companhia. Com ajuda do bom humor global com commodities e empresas ligadas a matérias primas, Petrobras ON (PETR3, com voto)fechou em alta de 1,28% e Petrobras PN (PETR4, sem voto) teve ganho de 1,41% – mas ainda perdem mais de 10% na semana.

As negociações com papéis da estatal se deram em meio à expectativa em torno do balanço que a companhia divulga ainda nesta quarta-feira. Analistas de mercado projetaram lucro de mais de R$ 4 bilhões no último trimestre de 2020. O presidente da estatal, Roberto Castello Branco deverá apresentar os números em teleconferência na manhã desta quinta-feira, no que sera sua primeira declaração apósa crise desencadeada por Bolsonaro. O executivo deixa a estatal em 20 de março.

Eletrobras também sobe com gesto de Bolsonaro

Papeis da Eletrobras também fecharam em alta, após o governo entregar ao Congresso uma medida provisória para sua privatização. A estatal só pode ser vendida com aval do Legislativo. O gesto teve pouco de concreto para fazer avançar uma pauta que enfrenta forte resistência no Congresso, mas o mercado avaliou bem. A ação ON terminou o dia em alta de 3,46%, enquanto a PN subiu 4,94%.

— Esse noticiário em torno da Eletrobras ajuda a reduzir preocupações com a guinada intervencionista do governo — explicou à Reuters Luciano Rostagno, estrategista-chefe do banco Mizuho. Apesar da melhora dos números das duas estatais, o Ibovespa, principal índice do mercado de ações no Brasil, terminou o dia com um leve ganho, de 0,38%, aos 115.668 pontos. Ainda assim foi um resultado considerado positivo após a baixa de segunda e terça-feira.

Dólar fecha em queda

A entrega da MP que permite a privatização da Eletrobras e as sinalizações mais apaziguadoras do Executivo  também influenciaram o dólar, que voltou a fechar em queda moderada nesta quarta-feira. “As declarações mais recentes do presidente Jair Bolsonaro e a MP da Eletrobras ajudaram a trazer alívio. A contrapartida é que houve piora das restrições de mobilidade em vários lugares do Brasil”, disse em nota Fernanda Consorte, estrategista-chefe do Ourinvest.

Outro tema de atenção no dia foi a tramitação da PEC emergencial. Parte dos parlamentares tenta fatiar o projeto em dois, votando o auxílio emergencial primeiro e deixando o restante das medidas para um segundo momento. Se a PEC for aprovada relativamente intacta, “pode haver impacto positivo sobre o câmbio e os juros”, dizem analistas do Citi.

Em termos de fundamentos externos, o real deveria estar em torno de 4,50 por dólar, segundo Robin Brooks, economista-chefe do Instituto de Finanças Internacionais (IIF, na sigla em inglês). Brooks citou o déficit em transações correntes de janeiro, mas avaliou que os fluxos de investimento estrangeiro estão “saudáveis”.

Juros futuros fecham em alta

As taxas de juros dos Depósitos Interfinanceiros (DI) terminaram a sessão desta quarta-feira (24) em alta, de olho na escalada dos rendimentos das T-notes de dez anos, que superaram o nível de 1,4% hoje. Também influenciam os riscos do cenário local, especialmente no que se refere à agenda de reformas. Os avanços mais intensos foram vistos nos juros de longo prazo, que dispararam mais de 20 pontos-base.

No fim da sessão regular, às 16h, as taxas do DI para janeiro de 2022 subiram de 3,47% para 3,51% e as do DI para janeiro de 2023 avançaram de 5,19% para 5,29%. Já as taxas do DI para janeiro de 2025 anotaram alta de 6,81% para 7,01% e as do DI para janeiro de 2027 passaram de 7,50% para 7,72%.

Powell tranquiliza mercados no exterior

Nos EUA, os principais índices de Wall Street abriram em baixa nesta quarta-feira. O Nasdaq recuava 0,48%, caindo em seis das últimas sete sessões. O Dow Jones perdia 0,12%, enquanto o S&P 500 tinha queda de 0,20%. As bolsas europeias fecharam em alta nesta quarta-feira (24), com os mercados ainda digerindo os comentários de ontem e hoje do presidente do Federal Reserve (Fed, o banco central dos Estados Unidos), Jerome Powell.  O banqueiro central dos EUA disse que a economia americana está muito longe de suas metas de emprego e inflação e que provavelmente levará tempo para que progressos substanciais sejam alcançados.

Isso significa que o Fed ainda espera uma inflação “fraca” e está comprometido a manter as taxas de juros em níveis bastante baixos por um longo período, contrariando os pessimistas do mercado que acreditam em um aperto monetário devido à inclinação das taxas de juros mais longas nos EUA e em vários países, inclusive na Europa.

O índice pan-europeu Stoxx Europe 600 subiu 0,46%, a 413,21 pontos, enquanto o DAX, referência da Bolsa de Frankfurt, liderou os ganhos no continente ao avançar 0,80%, a 13.976,00 pontos, animado pela revisão dos dados do PIB do quarto trimestre de 2020, que mostraram a economia alemã crescendo 0,3%, acima da estimativa preliminar de alta de 0,1%.

Na Bolsa de Londres, o FTSE 100 também conseguiu consolidar a virada para o lado positivo depois que a libra perdeu os ganhos do dia contra o dólar e fechou em alta de 0,50%, a 6.658,97 pontos.  Embora as bolsas asiáticas tenham terminado o dia em forte queda, o mercado de ações europeu foi se acalmando gradualmente à medida que os investidores digeriram os comentários de Powell no Congresso.

Foto: divulgação

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