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PETROBRAS DIVULGA BALANÇO DE 2020 HOJE COM PREJUÍZO

Redação - 24/02/2021 07:09

Esqueça os problemas pelos quais a Petrobras passou nesta última semana. Para o balanço financeiro que será divulgado após o fechamento do mercado nesta quarta-feira (24), referente ao quarto trimestre de 2020, um fator terá um impacto ainda maior: a pandemia do novo coronavírus. São esperados resultados positivos para o quarto trimestre, mas não suficientes para estancar as perdas da estatal, que deve fechar 2020 no vermelho, após dois anos no azul. A expectativa do banco de investimentos BTG Pactual, por exemplo, é de um lucro líquido de R$ 8,1 bilhões.

Ao final dos primeiros nove meses do ano passado, a Petrobras havia acumulado um prejuízo de R$ 52,7 bilhões.  Para William Eid, economista e diretor do Centro de Estudos em Finanças da Fundação Getulio Vargas (FGVcef), o último balanço de 2020 deve “pegar um pouco da recuperação econômica” que o Brasil teve nos últimos meses do ano”. “Mas, na hora que você somar o valor total, será muito menor do que em 2019 — com uma queda de cerca de 30%”

Nesta semana, o governo de Jair Bolsonaro (sem partido) decidiu trocar a presidência da Petrobras após uma nova alta no preço dos combustíveis no Brasil. Para ocupar o cargo de Castello Branco, Bolsonaro indicou o general Joaquim Silva e Luna. Joaquim Luna é general da reserva do Exército e ocupava a presidência da usina de Itaipu. Antes, ocupou o cargo de ministro da Defesa no governo do ex-presidente Michel Temer. Ele foi o primeiro militar a sentar na cadeira do Ministério, criado em 1999.

Na segunda-feira (22), as ações da companhia tiveram uma queda de 20%. Com isso, a empresa perdeu quase R$ 72,6 bilhões em valor de mercado, segundo maior tombo nos últimos 27 anos, de acordo com levantamento realizado pela Economatica a pedido do CNN Brasil Business. Só ficou atrás da queda de 9 de março do ano passado, quando a petroleira perdeu R$ 91,12 bilhões em uma única sessão. Para o economista Paulo Feldmann, professor associado na Faculdade de Economia e Administração da USP e pesquisador na Universidade Fudan, na China, os resultados de 2021 provavelmente não “serão tão positivos quanto os de 2020”. Um dos principais motivos, segundo ele, é essa troca na presidência da Petrobras. “Para o mercado, Castello Branco estava fazendo uma gestão excelente e, por isso, é um absurdo ele ser substituído”, explica ele.

“O resultado de 2021, que sairá daqui a um ano, vai ser bem diferente, a não ser que o novo presidente não siga aquilo que o Bolsonaro vem falando, que é congelar o preço da gasolina aqui dentro.”. Paulo Feldmann, professor associado na Faculdade de Economia e Administração da USP e pesquisador na Universidade Fudan, na China. Congelar os preços dos combustíveis, segundo os especialistas, trará prejuízos gigantescos para a Petrobras. Com o petróleo em alta globalmente, era esperado que este ano começasse positivo para a estatal. “O preço do petróleo está subindo muito lá fora, e vai subir ainda mais porque haverá uma recuperação importante no exterior no segundo semestre de 2021, principalmente nos Estados Unidos e na Europa”, disse Feldmann.

O congelamento também fará com que acionistas minoritários briguem pela possível redução do lucro da empresa e potencial risco de endividamento, já que a empresa pagará mais caro pela matéria-prima, sem poder repassar o valor para os consumidores. “Além de importar, a Petrobras também exporta. Se ela focar na exportação, pode ganhar muito mais dinheiro do que vendendo no Brasil com essa nova política. Então, a companhia não vai querer vender localmente, se ela pode exportar e ganhar muito mais lá fora”, diz.

Foto: Sérgio Moraes/Reuters (09.Mar.2020)

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