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GOVERNO TENTA VENDER PALÁCIO DOS ESPORTES PARA SETOR TURÍSTICO

Redação - 10/02/2021 06:52 - Atualizado 10/02/2021

O Centro Histórico de Salvador deve ganhar três novos equipamentos turísticos nos próximos anos. Depois do anúncio da alienação do Palácio Rio Branco, na Praça Municipal, para transformá-lo em hotel da rede portuguesa Villa Galé, cuja negociação – que estava bastante adiantada – foi temporariamente interrompida por causa da pandemia, agora é o Palácio dos Esportes, na Praça Castro Alves, que deve ser transformado em um novo equipamento hoteleiro.

Em dezembro passado, o Governo do Estado encaminhou para votação o pedido de autorização de alienação do imóvel – que pertence à Secretaria Estadual de Agricultura – à Assembleia Legislativa da Bahia (Alba). O projeto entrou na pauta desta terça-feira, 09, mas não foi votado. O adiamento aconteceu após um pedido de vista apresentado pelo deputado estadual Roberto Carlos (PDT), da base do governador Rui Costa (PT).

O pedido de vista é um prazo para que, em tese, o parlamentar conheça mais da matéria em votação. O prazo de espera é de 48 horas. Durante o início da sessão na Casa, Roberto Carlos disse não se sentir apto para votar o projeto nesta terça. Ele, que além de parlamentar, é presidente da Juazeirense e tem forte ligação com o setor do esporte, mostrou preocupação com a venda do espaço, que desapropriaria a Federação Baiana de Futebol (FBF).

“Esse projeto hoje me pegou de surpresa. Não tenho condições de votar hoje. Eu sou um dos representantes do esporte. A FBF, que é detentora da posse do prédio, está discutindo com os 300 filiados das ligas amadores que estão naquele prédio”, afirmou o pedetista, durante a sessão. O impasse consiste na assinatura de um termo de compromisso do governo sobre o tempo da FBF no prédio. Líder do governo, Rosemberg Pinto (PT) afirmou que há um compromisso “apalavrado” entre o governo e o presidente da FBF, que insiste na assinatura do documento.

Vice-presidente da Assembleia, o deputado Paulo Rangel (PT), disse que, se estivesse no papel de presidente da FBF, cobraria a assinatura do documento. “Eu votarei com o projeto, mas se eu também fosse presidente da federação, eu queria um papel assinado”, apontou. O grupo espanhol Prima, dono do imóvel que abriga o Hotel Fasano, seria um dos principais interessados em hastear mais uma bandeira da rede hoteleira paulista de alto luxo no prédio em estilo art decó do Palácio dos Esportes, que foi inaugurado em 1935.

De acordo com o secretário estadual de Turismo, Fausto Franco, outros grupos também já demonstraram interesse no imóvel. Ainda segundo ele, levará quem fizer a melhor oferta. “Alguns grupos empresariais já demonstraram interesse, não podemos afirmar quem levará porque, quando tivermos a aprovação da Alba para a alienação do bem, faremos um pregão e ganha quem apresentar a melhor proposta, aquela que se encaixar melhor no projeto de ocupação do Centro Histórico”, diz Franco.

Embora o governo se mantenha cauteloso em não revelar o futuro dono, um executivo da Prima, em off, garante que “as tratativas com o governo estadual estão evoluindo bem”. As partes interessadas mantêm a negociação em sigilo, mas a ideia é transformar o Palácio dos Esportes em um empreendimento que mesclará hotelaria com residência. “Não podemos adiantar nada porque nem o prédio foi liberado para a venda, mas posso afirmar que todos os investimentos que vierem a ser feitos naquela região, dentro do processo de requalificação do Centro Histórico, terá o viés turístico”, garante Fausto Franco.

Defensor da ideia de que todos os prédios públicos situados em áreas turísticas – como o caso dos que estão localizados no centro da cidade – sejam ocupados por grupos que atuam na área de turismo, o secretário Franco já está de olho em outro imóvel naquela região. Trata-se de um prédio de oito pavimentos que fica próximo ao Hotel Fasano e ao Cine Glauber Rocha que, segundo ele, é perfeito para um novo empreendimento turístico. “Imagine o Fera Palace, o Fasano, o Palácio dos Esportes e este prédio, todos funcionando como empreendimentos turísticos, o quanto aquela região ficará fortalecida economicamente!”, defende.

O prédio, o qual o secretário se refere, pertence, segundo ele, à Embasa, que já está negociando sua alienação para que seja ocupado e transformado num novo negócio voltado para o turismo. “Eu defendo sempre que é melhor preservar do que deixar acabar. O que estamos fazendo é trabalhar para devolver vida a estes espaços que estão, na sua maioria, desocupados e se deteriorando”, afirma.

Foto: Nara Gentil/CORREIO

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