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ECONOMIA PERDE PARTICIPAÇÃO NO PIB DO NE, AFIRMA ECONOMISTA

Redação - 09/02/2021 07:17 - Atualizado 09/02/2021

A Superintendência de Estudos Econômicos e Sociais da Bahia (SEI) divulgou, na última semana, indicadores da economia do estado no ano de 2020, o Info Bahia 2020.  De acordo com os dados, a Bahia é a maior economia da região e representa 28,5% da economia do Nordeste, com um  Produto Interno Bruto (PIB) de R$ 286, 2 bi. Apesar do cenário aparentemente auspicioso, o economista Cézar Almeida afirma que, se considerada uma linha histórica, a economia da Bahia tem perdido, paulatinamente, participação no PIB da região e pujança, embora permaneça ainda como a maior entre os estados nordestinos.

“A economia da Bahia é ainda, sim, a com maior participação no PIB do Nordeste, com 28,5% da economia nordestina. Acontece é que, se observarmos o que aconteceu nos últimos anos, se pegarmos uma série histórica desde 1995, em que o PIB baiano representava quase 40% do PIB do Nordeste, essa série histórica mostra que estamos perdendo participação ao longo dos anos. Em 2015, por exemplo, tínhamos 28.9% de participação e em 2020, 28.5%”, explicou o economista.

Segundo Almeida, a saída da montadora Ford do complexo industrial de Camaçari impactará negativamente na economia baiana, e os resultados só serão percebidos futuramente, algo que os dados da SEI, de acordo com ele, não compreendem ainda. “O fechamento da fábrica da Ford vai impactar toda cadeia automobilística do estado. O PIB de Camaçari representa 17.5%, de acordo com a SEI, do PIB industrial da Bahia, e isto tem a ver com o setor automotivo. Mesmo que a gente tenha uma nova montadora, adquirindo esse parque industrial[o de Camaçari], fazendo investimentos para retomar a produção de veículos no estado, esse processo leva tempo e o PIB de 2021 será impactado negativamente pelo fechamento.”, afirmou.

Pontos críticos

O economista Cézar Almeida elencou pontos que, segundo ele, são centrais para perceber que os números divulgados pela SEI são frágeis quando não comparados a outros indicadores. Desde a oferta de emprego a investimento na formação de profissionais qualificados, Almeida não acredita em boas perspectivas para a economia do estado para esse ano. “A gente tem a maior taxa de desemprego do Brasil [19,9%, segundo dados do último a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (PNAD)]. Fechamos o último trimestre de 2020 com a maior taxa de desocupação nacional, e que já era um número alto antes da pandemia. São  6 milhões e 100 mil pessoas que não têm e nem procuram emprego.”.

Os indicadores da educação, segundo Almeida, é outro fator que prejudica o avanço econômico no estado, além de incentivos no campo econômico e de inovação. “Temos um índice de educação muito ruim, um dos piores indicadores de educação do país, e isso impacta diretamente na economia. Temos um ambiente regulatório que não é propício, que não fomenta o empreendedorismo. Ausência de infraestrutura que permita que as cadeias produtivas sejam organizadas e escoadas. Falta de recursos humanos, de mão de obra qualificada, e a gente não tem um ambiente propício à inovação”, destacou.

Perda de relevância

Cezar Almeida apresentou o ranking brasileiro de cidades empreendedoras que, segundo ele, mostra a carência de investimentos nesta área no estado. Há quatro cidades baianas no ranking, Camaçari, Salvador, Feira de Santana e Vitória da Conquista. “De 100 cidades empreendedoras, que fomentam o empreendedorismo, que oferecem oportunidade para os negócios, a gente só tem 4 baianas de 100 no em todo país. Camaçari é a primeira, na 74º posição, Salvador é a segunda, na 81º posição. É assustador. Como vamos desenvolver a economia sem desenvolver os negócios?”, criticou Almeida.

Para o economista, a pandemia agravou ainda mais setores chave da economia da Bahia, como turismo e o próprio carnaval, que foi adiado por conta das medidas de segurança contra o novo coronavírus. “As perspectivas para 2021 não são nada animadoras, muito pelo contrário, são muito difíceis”, disse. “Em resumo, 2021 o PIB da Bahia sentirá muito com a falta do Carnaval, o impacto no Turismo e impacto da queda da produção da indústria automobilística”, finalizou.

Foto: divulgação

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