O governo de Joe Biden anunciou nesta quarta-feira, 3, que não prevê contatos diretos com o presidente venezuelano, Nicolás Maduro, que tem pedido uma melhoria nas relações entre os dois países após as tensões com a administração de Donald Trump. “Certamente não esperamos nenhum contato com Maduro no curto prazo”, disse o porta-voz do Departamento de Estado, Ned Price, chamando o líder venezuelano de “ditador”.
Price disse que Biden e a vice-presidente, Kamala Harris, continuarão com a política de Trump de reconhecer o líder opositor Juan Guaidó como presidente encarregado da Venezuela, em sua qualidade de líder da Assembleia Nacional democraticamente eleita em 2015. “Maduro é um ditador. Sua repressão, corrupção e má gestão geraram uma das crises humanitárias mais assustadoras que este hemisfério já viu”, acrescentou.
Antiga potência petroleira, a Venezuela vive um desastre econômico, aprofundado desde a chegada ao poder de Maduro, em 2013, uma situação que segundo a ONU provocou a saída do país de mais de 5,4 milhões de pessoas. “O objetivo primordial do governo Biden-Harris é apoiar uma transição democrática e pacífica na Venezuela através de eleições livres e justas e ajudar o povo venezuelano a reconstruir suas vidas e seu país”, disse o funcionário do Departamento do Estado.
“Quanto a como vamos fazer isso, certamente não espero que este governo dialogue diretamente com Maduro”, acrescentou. Ele disse que a diplomacia dos Estados Unidos se concentrará em trabalhar com seus aliados na região e na Europa, assim como por meio da Organização dos Estados Americanos (OEA), e do Grupo de Lima, um bloco formado por países latino-americanos e Canadá que promove uma transição na Venezuela, “e não diretamente com o regime.”
Dois anos depois de romper relações diplomáticas com os Estados Unidos, Maduro se declarou dias atrás disposto a estabelecer “um novo caminho” com o novo governo de Biden, “na base do respeito mútuo, no diálogo, na comunicação e no entendimento”. Em janeiro de 2019, Trump declarou Maduro ilegítimo e disse que ele deveria deixar o cargo, uma proposta apoiada por mais de cinquenta países, a maioria deles latino-americanos e europeus. Mas apesar da forte pressão diplomática e de uma bateria de sanções americanas, Maduro permaneceu no poder com o apoio dos militares, da Rússia, China, Cuba e, no ano passado, do Irã.
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