A Ford iniciou na segunda-feira a convocação oficial para que os empregados das fábricas que a empresa fechou no país retornem ao trabalho para produzir peças de reposição, segundo os sindicatos que representam os metalúrgicos das unidades. As entidades, no entanto, são contra a volta até que a multinacional negocie indenizações e um plano de saída do país.
— A Ford está mandando comunicados, mas a adesão está zero, está tudo parado, ninguém está indo (dar expediente). A fábrica precisou alugar um galpão porque na região de Simões Filho (BA) porque não tinha gente para descarregar mercadorias de 90 caminhoneiros aqui em Camaçari — afirma Julio Bonfim, presidente do Sindicato dos Metalúrgicos de Camaçari.
Segundo ele, a multinacional não negociou ainda como será o processo de demissão dos seus empregados nem sentou formalmente com os sindicatos para discutir as rescisões e indenizações. — Ninguém voltou porque o que a Ford fez foi um tapa na cara, não negociou nada com a gente e pede para a gente retornar ao trabalho? Não dá — afirma Bonfim.
A Ford anunciou na semana passada uma reestruturação que envolve a demissão de cerca de 5.000 funcionários diretos no Brasil e na Argentina. A maioria dos dispensados está aqui, onde a multinacional vai encerrar a fabricação de veículos. O fornecimento de veículos Ford para o Brasil será abastecido por meio de importação, especialmente da Argentina e do Uruguai.
A empresa mantinha no país uma fábrica de motores e de transmissão em Taubaté (SP) e uma planta montadora em Camaçari (BA), que já interromperam a produção, além de uma unidade da marca Troller em Horizonte (CE), que fecharia no fim do ano. Procurada pela reportagem, a Ford não se manifestou sobre a convocação aos trabalhadores e sobre eventual negociação com sindicatos.
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