Alguns políticos da base de apoio do governador Rui Costa estão sempre destacando sua qualidade como gestor, e sempre apregoando que ele não tem traquejo com a política. A solução do imbróglio para definir quem será o Presidente da Assembleia Legislativa mostrou que não é bem assim..
Com efeito, ao garantir a presidência da casa para o PSD do senador Otto Alencar, mantendo o acordo feito anteriormente e, ao mesmo tempo, manter na base o PP do vice-governador João Leão , o governador fez uma jogada de mestre, pois manteve todas as suas possibilidades políticas abertas e continuou com a base de apoio ao governo unida. Com isso, agradou o senador Otto Alencar, cumprindo o acordo que havia subscrito, satisfez o vice-governador, ao colocá-lo na pasta que toca os principais programas do governo e ampliou sua influência no governo colocando Nelson Leal na Secretaria de Desenvolvimento Econômico.
Leão na Casa Civil estará mais perto do cargo de governador, que ele poderá ocupar caso Rui se descompatibilize. Aqui, vale lembrar que a posição de Leão é estratégica em todos os cenários, a exceção daquele em que o governador permaneceria no cargo e, mesmo assim, essa posição poderia ser estratégica para a oposição. De qualquer modo, neste momento esse era o único jogo a ser jogado.
O fato é que a negociação do governador manteve em aberto a composição da chapa situacionista que vai concorrer ao governo nas eleições de 2022. E Rui fica com os seus caminhos eleitorais abertos em 2021 e mantém a base unida.
Naturalmente, a solução não agradou muito aqueles que davam como favas contadas a permanência do governador no cargo até o final do mandato, algo que lhe custaria quatro anos fora da política, ou uma duvidosa participação na disputa municipal.
Em resumo: a negociação para a presidência da Assembleia foi uma ação de quem está ficando mestre em política. Rui manteve sua base unida e cheia de expectativas, até que os caminhos políticos comecem a clarear. (EP – 18/01/2021)