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NOTÍCIA DE QUE PP TERÁ MAIS ESPAÇO NO GOVERNO DESAGRADA BASE

Redação - 16/01/2021 14:00 - Atualizado 16/01/2021

Gerou controvérsia entre os partidos da base aliada do governador Rui Costa (PT) a informação de que o PP vai ganhar mais espaço na estrutura estadual após o imbróglio criado por ele na eleição para presidência da Assembleia Legislativa da Bahia (Alba). Ignorando o acordo firmado em 2018, com a anuência do governador, o PP tentou até os 45º do segundo tempo provocar um bate-chapa entre o deputado estadual Niltinho (PP) e o Adolfo Menezes (PSD), nome pactuado entre os partidos e Rui para assumir o posto máximo da ALBA em 2021.

O vice-governador e secretário de Desenvolvimento Economico, João Leão, presidente estadual do PP,teria aceitado o convite para comandar a Casa Civil do governo da, atualmente sob a batuta interina de Carlos de Melo, que assumiu o posto em junho de 2020. No lugar de Leão na SDE deve assumir o atual presidente da ALBA, o deputado Nelson Leal (PP). A oferta de novos postos de comando ao PP foi interpretada como desrespeito aos partidos que compõem o arco de aliança de Rui Costa na Bahia, inclusive, a própria legenda da qual o governador faz parte – o PT.

O deputado federal Marcelo Nilo (PSB) foi um dos primeiros a se queixar. Em uma rede social, Nilo afirmou que o vice-governador foi beneficiado por “bater” em Rui Costa, ao contrário dele, que “sempre foi leal”. Nilo é coordenador da bancada baiana no Congresso Nacional. Em entrevista ao A TARDE, Nilo afirmou que consultará “amigos e pessoas que fazem política com ele” para adotar uma decisão sobre sua permanência no governo. O deputado não descarta um desembarque motivado principalmente pelo “desprestígio” com que ele e partidos aliados vem sendo tratado.

“Não dá para participar de um governo que Leão é o chefe da Casa Civil. Eu não posso sentar para despachar com ele, com um cara que eu briguei por defender o governo. Está provado que quem bate é chamado para ser promovido e eu, que não bato, que sempre fui leal”, lamentou Nilo. Ele disse que há 31 anos é deputado e aliado do PT. “Sempre parceiro, amigo, correto, defendendo o interesse da atual arco de aliança, não sou promovido em nada, nem o que tenho no governo é mantido. Rui tem deixado o filé para o PP e PSD na administração,aos outros partidos da aliança ele tem deixado o poço”.

O parlamentar classifica como um “absurdo” o fato de João Leão anunciar o seu novo cargo e a função que o seu correligionário irá ocupar. “Quem anunciou os cargos foi Leão, não foi o governador. Em todos esses anos na política eu nunca vi alguém anunciar que foi chamado, geralmente é a pessoa que chama que avisa para todos. Está aí uma prova que ele é um cara muito próximo ao governador”.

Informações de bastidores dão conta de que os novos cargos recebidos pelo PP teriam vindo do próprio governador e que serviram como uma espécie de retribuição ao partido de João Leão, por não ter criado problemas que poderiam afetar a unidade da base na escolha do novo presidente da ALBA. O cargo também seria uma retribuição para Nelson Leal pelo atuação alinhada ao Palácio de Ondina durante sua gestão.

Segundo fontes ligadas ao governo, após Rui Costa saber que Leão havia comunicado à imprensa acerca das mudanças, e ter tido informações do clima de insatisfação geral que a notícia provocou em sua base, ele sinalizou que pode recuar. Em entrevista ao site BNews, ontem, durante entrega de casas populares em Itapuã, Costa declarou:“Tenho duas observações a fazer: quem divulga, nomeia, anuncia mudança no governo até o dia 31 dezembro de 2022 sou eu e não deleguei isso a ninguém”.

Na última quinta-feira, 14, o PP tornou pública uma nota em que declara sua saída da disputa e apoio ao candidato do PSD à presidência da ALBA. O A TARDE apurou que a decisão teria vindo da cúpula do PP, o que provocou insatisfação entre os deputados, principalmente nos da ala menos governistas do partido, que viram no ato uma escolha de aumento do poder individual de líderes da legenda.

“A cúpula do PP, João Leão, Jabes Ribeiro e Nelson Leal resolveram os seus problemas pessoais e ficaram satisfeitos. Eles fizeram um acordo e se esqueceram que o partido têm deputados. Vamos ter que engolir o acordo; agora, a sequela é grande. O governador conseguiu tudo que ele queria: agradar Nelson e criar um tumulto onde não existia. O PP estava bem unido, foram feitas várias propostas e não tínhamos aberto mão da candidatura. Aí Rui foi nos líderes e fez o acordo por cima. Ficamos sem opção e quem perde com isso é a unidade do partido”, desabafou Robinho.

Base em chamas

Um parlamentar do partido do governador Rui Costa classificou o “sincericídio” de Marcelo Nilo (PSB) como uma expressão pública da insatisfação que tomou conta da base após o anúncio de expansão do poder do Progressista na estrutura do estado. O político, sob anonimato, falou que impressão é de que há uma “rebelião”. É uma insatisfação generalizada e no PT está todo mundo retado com o governador. Como ele resolve contemplar alguém que queria desmoralizar o acordo? No caso o PP e Nelson Leal. É como se estivesse premiando um erro. Até o senador Jaques Wagner (PT) está revoltado. Teremos novos capítulos disso, essa história poderá ter uma reviravolta neste final de semana; o Palácio de Ondina estará em chamas. O governador já sinalizou que quem nomeia e exonera é ele, via Diário Oficial”, sinalizou o parlamentar.

Foto: divulgação

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