E então cada homem e cada mulher receberam um comunicado (via SMS) informando a data e hora exata de sua morte. Imagine o leitor o impacto que isso teria no mundo e de que forma cada indivíduo reagiria frente a uma realidade tão definitiva. O filme “Novíssimo Testamento”, do cineasta, dramaturgo e roteirista belga Jaco van Dormael parte dessa premissa que poderia resultar em enormes divagações filosóficas e existenciais.
Mas esse não é o objetivo maior do filme de Dormael, que busca focar muito mais no principal mandamento do Novo Testamento, “amai-vos uns aos outros” e como ele poderia ser exercido. E para isso conta a história de Deus, que vive com a esposa e a filha em um apartamento em Bruxelas e que usa seu computador não para estimular o amor, mas para criar leis perversas para a espécie humana e enviar para a terra todo tipo de acidentes, catástrofes naturais, doenças e tudo o mais. Ele poderia, por exemplo, ter inventado a pandemia do coronavírus apenas para se divertir, mas não é o caso, afinal o filme é de 2015.
O problema é que Deus já teve um filho que se rebelou e agora a sua filha – “a filha de Deus” – também se rebela e é ela que manda a fatídica mensagem aos homens. O resultado dessa história é um filma belíssimo, que pode ser visto como uma comédia filosófica, um drama existencial, pura fantasia ou pura loucura. E também haverá aqueles que vão dizer que é, na verdade, pura blasfêmia. Não importa como cada um vê o filme, o que importa é a humanidade que ele carrega e o humor refinado, afinal o que seria da vida sem humor.
Arthur Schopenhauer dizia que o bom humor é a única qualidade divina do homem. E quem tem essa qualidade será capaz de rir do próprio Deus e Ele, provavelmente, não vai se aborrecer. Por isso, procure o serviço de streaming disponível e vá ver o filme afinal, se Deus existe, Ele será capaz de rir de Si mesmo. (AA – 14/01/2021)
O filme pode ser visto no Google play e na Globoplay.
Copyright © 2023 Bahia Economica - Todos os direitos reservados.
