O presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), admitiu que avalia permitir que a próxima eleição para a Mesa Diretora, marcada para 1º de fevereiro, seja realizada por meio de votação virtual remota, e não presencial em plenário, como em outros anos. A possibilidade, porém, já gerou reação do deputado Arthur Lira (PP-AL), candidato a presidência da Casa adversário do grupo de Maia.
“Nas eleições (municipais), 148 milhões de eleitores tiveram a obrigação de ir às urnas e votar em plena pandemia. Agora,o presidente da Câmara Rodrigo Maia e seu candidato Baleia Rossi querem votar remotamente na eleição para presidência da Câmara. Qual a verdadeira intenção por trás disso?”, questionou Lira no Twitter, nesta quarta-feira (6).
O PP, partido de Lira, também reagiu e divulgou nota oficial sobre o assunto, assinada pelo senador Ciro Nogueira, presidente da sigla.
“Havendo absoluta coerência com a decisão da Justiça Eleitoral, que determinou votação presencial nas eleições de 2020, o Regimento Interno da Câmara dos Deputados contempla exclusiva votação presencial, sem previsão de eleições remotas”, diz o texto.
“Vimos milhares de brasileiros, em plena pandemia, obrigados a ir às urnas, com riscos à saúde dos eleitores, mas respeitando a decisão do TSE. Da mesma forma, entendemos que o presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia, deve respeitar os regulamentos, reconsiderando intenção de promover eleições à distância para escolha de seu sucessor e da nova Mesa Diretora, como sinalizou”, afirma Nogueira.
À CNN, Maia disse que ainda não bateu o martelo, mas defendeu a votação remota, pelo menos para parlamentares com comorbidades. Segundo ele, o sistema usado na Câmara garante o voto secreto. “Eles querem criar dúvida onde não existe”, argumentou o presidente da Câmara, que apoia o deputado Baleia Rossi (MDB-SP) na disputa pelo comando da Casa.
Maia também rebateu o discurso de que a votação remota na Câmara seria um contrassenso, se comparada com as eleições municipais de novembro. “(Na eleição municipal), a pessoa vota perto da base eleitoral. Aqui o deputado precisa pegar avião”, afirmou, lembrando que a idade média dos parlamentares na Casa é de 52 anos.
Foto: Evaristo SA